segunda-feira, 23 de março de 2020

Isolamento.

Me desculpem.
Não lido bem com isolamentos.
Não lido bem com prisões. De nenhum tipo, em nenhum contexto.

Não consigo mergulhar nos meus sentimentos - e God knows, and so my therapist - que isso é realmente muito, muito difícil pra mim.

Por isso, me desculpem.
Eu não sei lidar com isolamentos.
Eu não sei lidar com prisões. De nenhum tipo, em nenhum contexto.

Não consigo conversar sobre o porque das crises de choro nos últimos dias. Por isso eu prefiro ignorar mensagens, conversas, ligações....

Por conta disso tudo - e muitas outras oscilações que virão: me desculpem.
Eu não estou conseguindo lidar com o isolamento.
Eu não estou conseguindo lidar com essa prisão. Nem nesse sentido, nem nesse contexto.

Isso quer dizer que vai me dar a louca e vou contra as restrições e regras de bom convívio?
Não. Não quer dizer isso.

Mas por favor, me entendam - e conto com vocês nisso.
Porque eu preciso lidar melhor com esse isolamento.
E preciso lidar melhor com essa "prisão". Em todos os sentidos e em relação a todos os contextos.

domingo, 4 de novembro de 2018

Not falling....

Acordei num dia bem bosta hoje.

Acordei quase 12h, com meu irmão mais velho nos meus ouvidos, gritando: acorda, dorminhoca!
E eu levantei, peguei minha toalha, tomei meu banho e sai depois de uns 23 minutos: pronto, vei. Levantei.


Pós banho, pós café preto e torrada com queijo, ainda dia bosta.

Mas por quê, tá tão bosta? Why the hell eu tô tão surtada com coisas - acontecimentos e sentimentos - que nem chegaram e nem tão perto de chegar? Por que alimentar essa angústia - e pagar 600 conto a hora de um terapeuta - por pura ansiedade com coisas que não precisam ser decididas agora?


Best solution ever (vai por mim): conversar com minha sobrinha de 2 anos que passou a noite em casa. Ser humaninho esse que exige um cafuné até pegar no sono - isso quando ela não canta pra si mesma.
A gente confunde paixão com apego? Confunde.


Fiz perguntas muito simples, que me deram um milhão de respostas complexas. Como, por exemplo:

Gostar de como alguém trata a gente, como a pessoa conhece a gente: não é paixão.
Convidar alguém pra ir em um restaurante que, literalmente, é a cara da pessoa: não é paixão.
Conversar sobre as angústias da vida e pedir a opinião da pessoa: não é paixão.
Querer passar a noite trocando pensamentos e abrindo o coração: não é paixão, definitivamente.
Isso é apego.
Apego é ruim? Não.
Apego é um problema? Não.

Sabe o problema?
Sofrer por antecedência.
Deduzir que a pessoa acha uma coisa, sem a pessoa ter admitido isso.
Estar apegada leva a achar que está aberta a se apaixonar? Também não!



"None but ourselves can free our minds"




Querer estar com alguém, gostar de estar com alguém ou sentir saudade de estar com alguém por motivos palpáveis e totalmente "racionais", não é um problema. O problema é quando a gente deixa as borboletas do estômago virarem caraminholas na cabeça.

A vida é tão mais que isso. Tão mais que se preocupar com o que o outro acha, ou pode achar, ou nunsca achará. Entender o tempo do outro e, principalmente o seu, e ter fucking paciência pra esperar aquele momento precioso em que os dois estão pisando com o mesmo pé, com a mesma força, na areia da mesma praia, é um esforço quase tão difícil quanto entender que, pra isso, não precisa ter paixão envolvida. E não ter paixão envolvida, não é o problema ou a solução. A base da compreensão do timing é a mesma da paixão: nada na vida é barganha. Não dá pra querer por você. Não dá pra querer colocar tags ou encaixotar as coisas, sempre. Estar aberta a entender isso é o primeiro passo pra se redimir consigo mesma.


Então, enquanto você toma sua quarta - sem julgamentos - taça de vinho e vê Grey's Anatomy: just keep being yourself, Ana.



Você não tá apaixonada, exigindo nada.
Ele não tá apaixonado, exigindo nada.


Continuem não exigindo nada.


Chama pra sair se quiser, desabafa com mil mensagens sem nexo no whatsapp, chama de nenê ou só de insuportável mesmo, dá na mesma.
PS: Sorte sua que amanhã é segunda e você pode acordar a hora que quiser, sem (ou com) ressaca.



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quarta-feira, 6 de junho de 2018

Como seis dias me chacoalharam

Eu estava sentada, no fim da tarde de uma segunda-feira, em minha mesa no trabalho. Eu tava olhando pra uma planilha há horas, tentando terminar tudo que eu precisava terminar. Eu não estava pensando em nada. Absolutamente nada. Talvez devesse estar pensando na planilha, mas depois de tanto tempo, meu cérebro já tinha desligado. E eu estava lá, sentada. Empacada. 

Fazia um tempão que não acontecia de eu encarar uma insonia tão chata. 4am e eu revirando na cama. 22hrs consecutivas sem dormir e eu tinha só mais 3h de sono naquela noite. Mesmo se dormisse exatamente naquele horário, dificilmente eu teria um humor decente no outro dia e foi assim. Mais um dia e eu sentada, olhando pra tela, 19h05. Agora, ao invés de uma planilha, tinha um formulário. Eu só estava seguindo a maré. A tela do computador mudava, o cliente mudava, a estratégia mudava... Mas todo dia é o mesmo ônibus, metrô, rua, lado da calçada, escadas...

Abri o site, escolhi destinos e, depois de 24h de análise, pronto. Comprei uma viajem. Comprei tudo, em 5 cliques. 
Um mês depois, eu fui. Sozinha - mas com lenço e com documento, porque senão não embarcava. E que bom que eu fui. Deveria ir mais vezes. Deveria ir sempre que pudesse e quisesse. Todo mundo deveria ir. Só ir. Não importa se é pro Chile, Paranapiacaba, Austrália ou Egito. Nós, todos nós, deveríamos ir.

E por que a gente deveria ir? Porque viver é isso. É chegar no aeroporto e não achar o cara do traslado que você comprou. É já fazer amizade com uma pessoa que conhece uma outra pessoa que veio do mesmo lugar que você. É confiar que um estranho te colocou dentro de um táxi de verdade e que aquele motorista vai deixar você no seu hotel. E tudo vai dar certo. Sempre dá certo.

Eu tive a melhor semana da minha vida no Chile, sozinha. Eu conheci mais sobre mim, eu vi, senti e conheci coisas diferentes todos os dias. Eu aprendi a gostar mais de mim. Apreciei minha companhia numa banheira, bebendo vinho e lendo um livro. Aprendi a ter mais fé na humanidade, também. Vi que sempre existe solidariedade, empatia e compaixão onde quer que a gente vá.
Me senti livre, me apaixonei, esqueci o que tinha deixado aqui, limpei a mente e o coração, e me questionei sobre quem eu sou hoje e o que faço hoje.

Faz um mês que eu voltei pra rotina. Voltei pro mesmo escritório, com as mesmas pessoas, mesmo ônibus, metrô, lado da calçada, escadas... Mas não voltei a mesma. Eu já sou outra. Eu abri meus olhos. Vi outras cores no cinza da cidade. Outro sentido na planilha, outro motivo final pro formulário. Hoje, eu olho pra tudo que eu tenho ao meu redor e vejo uma vida doce, não posso mentir, mas uma vida que só viu uma fração de tudo o que pode ter, ser, criar... 

Hoje, todo dia antes de dormir, eu abro o site de passagens e fuço, no mínimo, uns 4 destinos diferentes.

Porque uma vez dada a largada, não vai ter quem me faça ficar parada no lugar agora.

segunda-feira, 30 de abril de 2018

A crise da crise

Achei meu primeiro fio de cabelo branco.
Sim, achei.
Agora, com 25 - oficialmente.
Fui no banheiro do escritório, arranquei, virei pro meu chefe: É isso mesmo? É um cabelo branco? 
- Sim, parabéns, seu primeiro cabelo branco.
Era oficial e agora até meu chefe sabia.

Eu ainda sou jovem. Ainda rola uns jeans skinny, ainda passo alguns domingos na cama lamentando aquela tequila - a quarta, no caso - que tomei na noite anterior, comendo porcaria - ou botando elas pra fora.
Mas já vou embora mais cedo da balada. Como bem, senão fico mal humorada. Durmo cedo, pra não ficar um cocôzinho o resto do dia. Ou seja: eu já tô ficando velha, também.

O que se passou de primeiras vezes durante esses 25 anos?
- Beijei - e odiei da primeira vez, comecei e terminei a faculdade, comecei a trabalhar, fui morar em outro estado - sozinha -, tomei uns foras, quebrei uns corações, fiquei loira, morena, de cabelo comprido -, virei tia, comprei meu primeiro cigarro, dormi de conchinha, varei noite na balada, vomitei as tripas, gargalhei até chorar, briguei com várias pessoas, dei mancadas, aturei mancadas, amei, odiei, chorei...

Primeiras vezes são legais. In fact, a frase "qual foi a última vez que você fez algo pela primeira vez", ressoa inúmeras vezes na minha cabeça. Mas já fez algo pela segunda vez, que foi muito melhor que a primeira vez (eu sei que siiiim)? Então. 

Minha jornada até aqui foi muito significativa - e satisfatória. Mas eu me sinto muito em dívida comigo mesma em muitos aspectos. E eu acho que tudo bem, também. Porque tá tudo bem não estar tudo bem, às vezes. Tá tudo bem, mesmo. .



Tava pensando em muita coisa nessas últimas semanas. Talvez porque eu vou fazer algo pela primeira vez depois de muito tempo. Como, por exemplo:
- eu tenho mesmo que continuar amiga de gente que cresceu comigo mas que é um tremendo bocó nowadays?
Spoiler: NÃO!
Um quarto da minha vida se foi. Eu tenho contas pra pagar. Tenho gente - obrigatória por hora - pra aturar. Casamento pra ir. Sabe aqueles migos que largam os outros quando começam a namorar? Não deixa eles no primeiro time, substitui. Deixa no banco reserva. 
Valoriza quem toma chopp com você terça a noite depois de um dia de merda. Quem te dá um abracinho do nada quando você tá no auge da TPM querendo chorar. Quem te chama durante o dia e faz o símbolo de coraçãozinho só pra ver você rir. Esses aí tem que ser escalado logo de cara. 
Vamos criar umas memórias - com gente que merece essas memórias. E começa eliminando da lista (eliminar talvez seja too much, mas bota lá no fim da fila) todo mundo que te procura só quando precisa de ajuda (de ajudinha a ajudinha tu vai se tornando o ser que SÓ serve pra isso mesmo viu).

E tô indo lá, fazer várias coisas pela primeira vez - oi, CHILE - dar fim à várias outras coisas que não deveriam ter passado da primeira vez, resolver minha vida financeira, comprar um ouriço, alugar meu apê de novo, jogar um monte de coisa fora, emagrecer mais 8kgs....


Oi, sumida

- Oi sumida!
- Oi rs
- Tudo bem?
- Sim... você?
- Também! E aí, o que tá fazendo?

Block.

- E ai, sumida!
- Olá
- como vc vai? me esqueceu?
- eu vou indo bem.
- não quer saber como eu tô?
- não.

Block.

- E ai!
- Oi
- Vi sua foto e não resisti

Block.

- Oi sumida rsrs
duas horas depois: - Oi
- Quer beber uma cerveja?
- Não
- Você nunca quer
- Que bom que você percebeu.

Block.

- Oi sumida
- tu nem disfarça rs
- Gostei da foto

Block.

- Oi sumido
- e ai
- Como tá?

Block.

Tudo que vai, volta.


segunda-feira, 22 de maio de 2017

A impermanência da vida

Quinta-feira passada eu sentei na mesa de um bar, com uma das pessoas que me conhece há mais tempo do que posso contar. Nessa mesa de bar, trocamos goles de cerveja, beliscos em uma batata frita com queijo e todas as coisas que aconteceram naquela última semana que ficamos sem nos falar muito, mais por amenidades do que por qualquer questão mais significativa.

O assunto principal girou em torno da impermanência da vida - nossa Ana, usa um termos mais comuns, como "não duradoura", "breve", inconstante... - Meus amigos, vai por mim, nada descreve melhor esse momento como a expressão impermanência.

Tudo que a gente conhece vai embora, mais cedo ou mais tarde.

Nossos empregos vão, nossos amigos vão, nossas casas vão, nossa família vai, nossos amores vão.. Podem não ir hoje, mas eles vão, sooner or later. E não vão porque querem, eles vão porque é assim que a vida é. Nós também vamos. Talvez não hoje, ou nem amanhã. Pode ser semana que vem. Pode ser daqui 15 anos. Mas nenhum de nós escapa das perdas ou das partidas.

Hoje perdi hora pra ir pro escritório. Percebi que o secador de cabelo não quer esquentar. Vi que tinha que ter feito a barra de uma calça que eu tive preguiça de levar no final de semana. Recebi uma mensagem nesse meio tempo de uma pessoa que não vejo há 5 anos, me perguntando se eu sabia o que tinha acontecido. Acontecido o quê, gente? Voltei pro e-mail, respondi mil coisas, fechei mais um projeto que tava demorando anos, fiz mais umas três, quatro ligações, mandei outros dez mil whatsapps, corporativos, pessoais, impessoais, sem sentido nenhum. Me estressei com meu sobrinho porque queria brincar e eu não podia. Fiquei mais uma vez irritada porque tinha perdido a hora. Por que eu sempre acho que a vida acontece do lado de dentro da catraca e não do lado de fora da catraca?

Nossa vida é muito além do que somos programados pra fazer todos os dias da semana. 



Ano passado perdi uma pessoa que foi alguém bem importante em um momento cheio de mudanças e outros aprendizados da minha vida. Perdi. Foi uma das situações mais claras de impermanência que vivenciei nos últimos 10 anos. Dois meses depois de uma volta que demos do Flamengo à Lapa, descobri que nunca mais conseguiria dar esse passeio com ele. E eu não consegui me despedir. E ele se foi, do jeito que uma nuvem carregada de chuva vai... Rápido, sereno, num piscar de olhos...

Hoje, se foi outro. Outra pessoa que eu conheci há 6 anos. Conheci há 6 e coincidentemente voltava na companhia dele nos meus últimos semestres de faculdade. Ele, que tentou marcar N outras coisas comigo depois disso e eu nunca tinha tempo ou sempre tinha alguém pra colocar na frente, mesmo sem intenção nenhuma. Ele, que conheceu mais países no último ano do que pude contar. Que foi pra mais festas do que fui minha vida toda. E que ria mais que eu em todas as fotos que publicava... Hoje o Leo se foi. Ele deixou a gente aqui e eu não vou conseguir mudar isso, você não vai, a mãe dele não vai... 

A vida é mais do que os e-mails que eu não respondi. Mais do que as ligações que eu não fiz. A vida é o convite que eu não aceitei, o abraço que eu não dei, o beijo que eu não retribui, a risada que eu contive, o aperto de mão tímido. A vida é a mesa de bar numa quinta a noite, é um sorvete de casquinha numa segunda de manhã, é a poça da lama numa segunda chuvosa. A vida não é o que a gente procura e não acha. A vida é o que tá debaixo do nosso nariz e a gente destrata. A vida é o onibus que você não pegou, o avião que foi, a lágrima na bochecha. A vida é quem você vê todo dia, quem você só vê no fds e que você só vê uma vez no mês. A vida tá aqui. E ela não ta aqui pra sempre. O Leo não tá aqui pra sempre. Você não vai ficar aqui pra sempre.

A vida é o eu te amo, o parabéns, o vamos juntos, o fica comigo, o abraço apertado, o aperto de mão, os três beijinhos na bochecha, o filme que vê junto, a cerveja que une, a risada escandalosa que dá sentido ao dia... 

Vai em paz, Leo.
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terça-feira, 7 de março de 2017

Dá uma mãozinha aqui?

Durante todo o caminho do trabalho pra casa pedi que agora, 22h, estivesse caindo aquela chuvinha enquanto eu tento desafogar dez mil pensamentos nesse texto atrasaaaado que só. Mas não tá chovendo. That's life. Vamos lá.

A gente pede. Pede muito. Mas pede mais que deveria. Pede dia e noite, noite e dia. Cada um pede pro que acredita: pede pra Deus, pro universo, pra mãe natureza, pra qualquer coisa - ou qualquer ser que você queira - pra dar uma mãozinha em algo que seja, aparentemente, muito muito importante pra gente. E seguimos pedindo sempre que vemos à nossa frente algo que não julgamos humanamente possível resolver sozinhos. Tolos.



Eu tenho uma dificuldade enorme em pedir. Aqui sempre rola uns diálogos internos, mais ou menos assim:
"- Po, queria tanto, mas taaaaaanto isso aqui, Deus!
- Não Ana, é ridículo você pedir isso, tem tanta gente pedindo coisa melhor, que esse seu pedidinho michuruco aqui vai lá pro fim da fila, fia.
- Mas pera, não vamos diminuir a importância disso aqui só porque tem muitos outros pedidos importantes...
- Mas cê podia pedir outra coisa, é perda de "pedido", guarda pra outra coisa mais importante!
- Deus, me ajuda, não quero pedir mas quero pedir, como cê tá me ouvindo aí mesmo que seja um diálogo interno, não precisa dar uma mão inteirinha não, da só um dedinho!
- Agora pronto, Deus tá olhando lá pra mim e achando a maior tonta por ter perdido tempo pedindo isso...
- Pediu, pediu. Mas juro que não vou mais pedir sascoisa.. 
Dois dias depois...
- Deus, cê tá aí?"

O ponto é: a vida é bem como um jogo de videogame mesmo. Mas não é tipo Mário que a gente joga até o fim e, quando acaba, pode jogar de novo. Cabo, cabo. E meu jogo não é o mesmo jogo que o seu. E usando a analogia mais clichê do mundo: a cada fase conquistada, mais difícil fica e mais medo a gente tem. Tem medo, sim. 

Medo danado que tira até o sono, muitas vezes. E tirar sono é uma puta duma sacanagem, vou te contar. Virar pra lá, pra cá, travesseiro parecendo que é feito de pedra, não aconchega a nossa cabeça, não tem abraço e afago pros cabelos e mente cansada. Rola pra lá e pra cá. Cobre, descobre. Relembra tudo que fez e acha que foi errado, que fez e acha que foi certo, mas que no fim não parece tão certo e o errado, que na verdade nem é assim tão errado. 

Mas vem cá... pedir alivia, né? Tira um pouco do peso no peito, eu sei. 
Só que tô aprendendo a pedir "certo", agora. Pedir quando eu tenho que pedir, não pedir por preguiça de agir.
Não é mais: "eu quero isso aqui". É:
"vamos aprender a como conseguir isso aqui que eu quero, porque nada nessa vida cai do céu, mas só me ajuda a não cagar no pau de novo mais pra frente, por favorrrrrrr" (afinal, o problema não está em pedir, está entre o pedido e o resultado que, vai por mim, tem muito que tá sob nosso controle). 

Não prometo que você vai dormir mais rápido,
ou que vai rolar menos na cama, ou que o travesseiro vai ser tipo de algodão egípcio de tão softy que vai ser. 
Pode não ser assim tão fácil. Mas mudar o mindset é o primeiro passo.

Vai na minha que cê passa de ano. 




sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Crises.

Achei que só existia a "Crise dos 30". Mas tô vendo que existe a dos 24. Provavelmente, 25. 26... Bom, as outras eu ainda não sei, mas a dos 24 existe sim, gente. Vai por mim. Existe.

Me identifiquei completamente quando soube que a Vastag tem a mesma mania de escrever, apagar, escrever, apagar... Ufa. Tá aceito que eu faça também. Sem julgamentos. Sem pressão. Vamos começar tudo, de novo, outra vez.

Hoje eu acordei angustiada. Não, acho que medo é o sentimento certo. Acordei lembrando que faltam 6 dias para completar meus 24 anos. É isso mesmo. 24. Eu, completando 24, já. Assim. Num piscar de olhos. Como se eu tivesse acordado com 18 e levantado com 24. Onde foram parar os outros anos, mesmo? Acho que eu vou repetir "24" por muito tempo. Meu Deus. 24.


Eu tenho uma teoria maluca (e certa, porque todo mundo que entende, concorda - apesar de que nem muitos entendem tão fácil), de que a partir de 30 de setembro eu começo meus 25 anos. Porque veja bem, a gente "completa" a idade, quer dizer que um dia depois do nível concluído, a gente começa no nível novo, certo? Nível novo = idade nova. Bom. Ceis entenderam. Enfim,

E a pergunta que ficou martelando desde que resolvi dividir essa angústia num grupo de amigas que me conhecem há muito tempo, foi: pra onde minhas expectativas sobre eu mesma estão caminhando?

Eu sempre fui adepta à teoria de que expectativas são frutos de nossos desejos e vontades pessoais. Não existe interferência de terceiros. A expectativa é criada por mim. Seja a expectativa referente a mim ou referente a outro. Mas ela é fruto de particularidades minhas. O outro não interfere nisso nem que ele queira. É impossível. Se alguém tem uma expectativa quanto a mim e eu concordo com aquilo, é porque minhas convicções pessoais (vou contar que todas as vezes q eu apaguei e escrevi 'convicções' eu escrevi: conviccções - é mais forte que eu) compactuam com aquilo. Eu deposito em mim ou em qualquer outro ser humano, expectativas que dizem respeito especificamente a mim. Seja por vontade, desejo, ideal...

Mas aí, quando eu olho pras expectativas que eu tenho de mim mesmas, eu me sinto no caminho errado. Eu sempre - sempre - vejo a grama do vizinho mais verde que a minha. Sempre. Carrego a impressão de que sou a única maluca descoordenada num mundo repleto de pessoas perfeitamente racionais e completas. Como se só eu tivesse um tumulto morando em mim, mas os outros, aqueles ali que eu olho de relance, são calmos e perfeitamente resolvidos com eles mesmos.

E então, tive a experiência de viver sozinha. Me conhecer. Me entender. E eu percebi que o coletivo, aquele lá "normal e calmo", na verdade é uma completa confusão. Que o tumulto interno, na verdade é universal.

E então, passei a me permitir viver, me jogar, ir, voltar e fazer o que me desse na telha.

Então, o que eu desejo pra mim, quando começar meus 25 anos?

Quero viver.
Quero experimentar tudo o que eu não experimentei ainda.
Quero sentir.
Quero tirar os "nãos" que me prendem.
Quero chorar.
Quero amar.
Quero desapegar.
Quero apegar.
Quero encontros.
Quero desencontros.
Quero mais Ana e menos mundo.
Quero continuar sendo honesta sobre quem sou.
Quero continuar mostrando quem eu sou, no meio de todo mundo.
E quero gostar de tudo isso.

Te amei, 24.
Vem, 25. 

sábado, 30 de abril de 2016

A head full of mess

Tem milhões de coisas pra fazer e nenhuma vontade de fazê-las. Alguma quantidade considerável (mesmo mínima perto da outra rotina), mas nenhuma vontade de sair da cama. Várias coisas pra estudar, mas nenhuma vontade de pensar. Tinha a maior habilidade do universo de aumentar seu ciclo social, não importava a situação, mas hoje, não lembra nem como começar uma conversa com um estranho. Ver filme de terror já não dá mais medo, porque o medo agora já tinha tomado proporções e se transferido pra outras coisas mais palpáveis.

Qualquer um que vê, não tem ideia de 10% do que realmente se passa. Sorriso sempre na cara, piada sempre saindo nos momentos mais propícios, postura totalmente relaxada. Mas a cabeça tá sempre tentando reorganizar as coisas, encaixar peças e clarear a escuridão de dentro. E isso é exaustivo. Toda vez que tenta seguir conselhos, tudo parece mais sem sentido ainda e eles só vão entrando por um ouvido e saindo pelo outro, quase sempre com olhos marejados de lágrimas. 



Mas por que isso? Tudo estava tão bem planejado no começo. Tudo o que queria botar em prática, tudo o que pretendia arrumar, todas as mudanças que viriam pra melhorar a vida.. Agora tudo só parece um filme passando numa grande TV.  Acho que dá até pra comparar com o sentimento de luto porque é difícil se afastar de quem sempre foi tão presente e importante nas nossas transformações pessoais e conquistas diárias. Ou até mesmo de quem só divide um copo de cerveja com a gente despretensiosamente, porque o velho é confortável e aconchegante, e pessoas que não te conhecem de verdade nunca vão conseguir te fazer sentir em casa.

Queria só descansar minha cabeça no colo de alguém quando eu tiver pra baixo. Mas aqui só tem meu travesseiro. Sem mãe, sem pai, sem melhores amigos. E qualquer pessoa que aparece, causa uma confusão absurda: só é uma projeção de afeição por falta de opção ou porque essa pessoa merece mesmo? Será sazonal e conveniente, ou é sincero? Nunca dá pra saber... Além disso, a solidão é um bicho-papão que mora escondido embaixo de uma cama dentro nosso coração. Você pode ter uma quantidade significativa de pessoas com você, mas o que tá dento da gente, às vezes, dá um pavorzinho quando  a luz apaga e as pessoas vão embora.

terça-feira, 15 de março de 2016

E por falar em saudade...

Desde mais nova todo mundo que cresceu comigo, principalmente minha família, tinha certeza que cedo ou tarde eu seguiria minha vida fora de casa porque eles dizem que tenho "um espírito aventureiro" e super independente. Eu também achava isso.

Há quase 2 meses eu me mudei pro Rio de Janeiro - sozinha - pra trabalhar por um tempo. Eu já tinha comentado com algumas pessoas que viria fácil pra cá e eu até estava me candidatando pra algumas vagas.. E tem uma música bacana que diz: "be careful with what you wish for 'cause you just might get it". Bom, é verdade.

No começo eu fiquei empolgadoooona... Morar sozinha, aprender a me virar no Rio, dar a cara pra bater em vários sentidos... Até que a ficha foi caindo. Primeiro porque eu tive 2 dias pra me despedir de todos os meus amigos e minha família.
Aí eu entrei no avião, e enquanto ele ia subindo, eu via meu coração ficando...


Eu procuro sempre não falar com as pessoas por telefone ou áudio. Não consegui ainda ligar pro Gabs e dizer que a Iaquinha dele tá com saudade. Também não falei com meu pai. Liguei pra minha mãe só duas vezes. Uma só pro Eric, pra ver se ele estava bem. Nenhuma pros outros irmãos...

Nos meus últimos meses de Hay Group, eu raramente ia pra casa cedo. Raramente passava o fds todo dentro de casa... Eu tava sempre saindo, evitando "ficar parada", evitando "perder tempo". Quando a gente tá na nossa zona de conforto a gente não entende nada mesmo, né?

Perdi casamento de amiga, show do Maroon 5, aniversário do irmão... Não vejo mais os jogos com meu pai, quem dirá com o Eric. Não passo mais umas 2h antes de dormir ouvindo música e fofocando sobre tudo com o Junior. Não brinco de luta ou de "consquinha" com o Gabs. Não converso sobre meus medos, inseguranças ou coisas erradas que faço com minha mãe. Não reclamo por ciúmes com meu pai. Não brigo por qualquer coisinha com a Deh...

Sinto falta de marcar encontros em cima da hora com o And, de encontrar Mari, Dani e Ligiao na Paulista, de sentar em frente ao MASP e não dar a mínima pra nada, de ir pra casa da Juba a tarde e falar da vida...

As vezes eu durmo chorando. As vezes eu acordo chorando. As vezes eu tomo banho chorando. 

O que me conforta é saber que tá todo mundo bem. E eu quero que vocês, família, saibam que eu também tô bem. Amor é isso. Saudade, também. Ambos doem, às vezes. Mas uma hora tudo passa...

Dizem que crescer é isso, né? Deixar quem a gente ama "pra trás"...