A gente pede. Pede muito. Mas pede mais que deveria. Pede dia e noite, noite e dia. Cada um pede pro que acredita: pede pra Deus, pro universo, pra mãe natureza, pra qualquer coisa - ou qualquer ser que você queira - pra dar uma mãozinha em algo que seja, aparentemente, muito muito importante pra gente. E seguimos pedindo sempre que vemos à nossa frente algo que não julgamos humanamente possível resolver sozinhos. Tolos.
Eu tenho uma dificuldade enorme em pedir. Aqui sempre rola uns diálogos internos, mais ou menos assim:
"- Po, queria tanto, mas taaaaaanto isso aqui, Deus!
- Não Ana, é ridículo você pedir isso, tem tanta gente pedindo coisa melhor, que esse seu pedidinho michuruco aqui vai lá pro fim da fila, fia.
- Mas pera, não vamos diminuir a importância disso aqui só porque tem muitos outros pedidos importantes...
- Mas cê podia pedir outra coisa, é perda de "pedido", guarda pra outra coisa mais importante!
- Deus, me ajuda, não quero pedir mas quero pedir, como cê tá me ouvindo aí mesmo que seja um diálogo interno, não precisa dar uma mão inteirinha não, da só um dedinho!
- Agora pronto, Deus tá olhando lá pra mim e achando a maior tonta por ter perdido tempo pedindo isso...
- Pediu, pediu. Mas juro que não vou mais pedir sascoisa..
Dois dias depois...
- Deus, cê tá aí?"
O ponto é: a vida é bem como um jogo de videogame mesmo. Mas não é tipo Mário que a gente joga até o fim e, quando acaba, pode jogar de novo. Cabo, cabo. E meu jogo não é o mesmo jogo que o seu. E usando a analogia mais clichê do mundo: a cada fase conquistada, mais difícil fica e mais medo a gente tem. Tem medo, sim.
Medo danado que tira até o sono, muitas vezes. E tirar sono é uma puta duma sacanagem, vou te contar. Virar pra lá, pra cá, travesseiro parecendo que é feito de pedra, não aconchega a nossa cabeça, não tem abraço e afago pros cabelos e mente cansada. Rola pra lá e pra cá. Cobre, descobre. Relembra tudo que fez e acha que foi errado, que fez e acha que foi certo, mas que no fim não parece tão certo e o errado, que na verdade nem é assim tão errado.
Mas vem cá... pedir alivia, né? Tira um pouco do peso no peito, eu sei.
Só que tô aprendendo a pedir "certo", agora. Pedir quando eu tenho que pedir, não pedir por preguiça de agir.
Não é mais: "eu quero isso aqui". É:
"vamos aprender a como conseguir isso aqui que eu quero, porque nada nessa vida cai do céu, mas só me ajuda a não cagar no pau de novo mais pra frente, por favorrrrrrr" (afinal, o problema não está em pedir, está entre o pedido e o resultado que, vai por mim, tem muito que tá sob nosso controle).
Não prometo que você vai dormir mais rápido,
ou que vai rolar menos na cama, ou que o travesseiro vai ser tipo de algodão egípcio de tão softy que vai ser.
Pode não ser assim tão fácil. Mas mudar o mindset é o primeiro passo.
Vai na minha que cê passa de ano.
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