quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Timing

Precisei compartilhar:


Deitada na cama, mirando o relógio tiquetaqueando sobre a prateleira logo a frente me pego a pensar um pouco sobre a imensidão de possibilidades que envolvem cada segundo que move o ponteiro daquele objeto. Mais precisamente, penso sobre timing.

A definição de timing seria mais ou menos como ter o seu momento, cada coisa em seu devido lugar, no seu preciso espaço de tempo. A base do timing é o livre arbítrio, e como não poderia deixar de ser, cada um tem o seu e faz dele o que bem entende. E se existe uma coisa na vida que não tem como moldar é o poder de escolha do outro.

Somos feitos de um barro único. Cada pessoa no mundo tem sua carga de medos, receios e a bagagem mais pesada que existe: expectativas. E o engraçado disso tudo é que expectativa é uma coisa tão nossa, fruto de vontades tão individuais que a gente teima em cometer um erro gravíssimo, que é justamente depositar sobre os ombros alheios desejos que são muito pessoais. Daí a gente começa a cobrar, exigir, demandar atitudes que na maioria das vezes o outro simplesmente não está preparado para corresponder.

Na vida a gente vem por um caminho, o outro vem por um diferente. Os dois podem ter chegado a uma mesma trincheira, numa mesma volta do relógio, mas se você veio por um atalho no bosque e o outro por uma longa estrada no deserto, isso muda completamente a forma como ambas as partes decidem continuar a trajetória. Mas entender o tempo do outro e ter paciência suficiente para esperar aquele momento precioso em que os dois estão pisando com o mesmo pé, com a mesma força, na areia da mesma praia, é um esforço quase tão difícil quanto entender que amar alguém não necessariamente implica em ser amado de volta. A base da compreensão do timing é a mesma do amor: nada na vida é barganha. Não dá pra querer pelo outro.

Então não interessa se vocês namoram há 10 anos, 7 meses, 2 dias e 14 horas. Não interessa se você deixou de ir a chás de panela para marcar presença em chás de bebê. Não interessa se o tempo está passando e você sente necessidade de algo mais para preencher o buraco que a expectativa criou. Se ele/ela ainda não se sente preparado para morar junto, noivar, casar, ter um filho que seja, nada no mundo será capaz de fazê-lo mudar de ideia.

A mesma história fica evidente quando a gente conhece uma pessoa legal que por algum motivo age como um completo idiota. Acredito firmemente que existe uma grande diferença entre pessoas sem caráter e pessoas com passado. Infelizmente (ou não) aquela história de “seu passado te condena” é a mais pura verdade. O que somos hoje, é fruto e reflexo direto de todas as experiências boas e ruins que já vivemos na vida. Então não adianta querer um relacionamento sério com um cara que acabou de terminar um namoro de anos. Ele, assim como todo mundo, precisa de um tempo para processar certas perdas, recolocar as roupas velhas no guarda-roupa e abrir as janelas do coração outra vez. Da mesma forma, não adianta querer convencer uma mocinha que teve seus sentimentos drasticamente negligenciados por alguém a se entregar tão prontamente ao amor novamente. Cada pessoa tem seu próprio tempo de cura, cada um sabe quando é tempo de dar mais um passo adiante ou quando é hora de parar e esperar uma brisa mais agradável para proceder com a caminhada. O seu timing pode não ser o do outro.

Ou a gente aceita, coloca um banquinho do lado da porta e espera o outro entrar, feliz e satisfeito com isso. Ou a gente aceita, coloca um banquinho do lado da porta e deixa o outro sair, igualmente feliz e satisfeito com isso.

Expectativa é bom até o limite em que ela ultrapassa as gostosas borboletas no estômago para virar caraminholas na cabeça. Melhor do que ter sonhos com alguém, é saber que esse alguém tem os mesmos sonhos com você porque ele simplesmente assim deseja e não por uma mera convenção social.

O relógio sob a prateleira, ruidosamente caminhando pela casa dos segundos, me fez entender que assim como as pessoas, o ponteiro tem o tempo certo de correr pelos minutos. Paciência para que os relógios parados comecem a se mover, para que os ponteiros se afinem, para que o tiquetaque da vida seja agradavelmente o mesmo. Ou simplesmente coragem, para abandonar o velho relógio de prateleira e deixar que o primeiro raiar de sol nos diga quando é hora de acordar.


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Versão completa...

2012 está acabando e acho válido expressar publicamente minha opinião sobre esses últimos 353 dias: foi um ano único e incrível! Claro, tudo na vida tem seu lado ruim vez ou outra, mas vô te contar que as boas superaram qualquer dificuldade, tristeza, decepção ou frustração. 

Mudei muito como filha, amiga, irmã... Além das circunstâncias da vida, algumas pessoas me ajudaram nessa mudança. Confesso que, assim como tudo, algumas mudanças não foram assim tão boas. Muitas pessoas não aprovaram algumas coisas, outras não se acostumaram com a nova Ana, outras acreditam que eu esteja passando por uma fase ruim (ou boa demais). Mas não. São mudanças psicológicas e físicas que ficarão aqui para sempre.

Não me arrependo de nada que fiz (ou deixei de fazer) durante esse ano. Costumo reclamar de que poderia ter feito tudo diferente e sim, poderia mesmo, mas não fiz. E não me arrependo (as I said). Minhas escolhas trazem consequências boas e ruins, e tudo o que aconteceu de ruim foi, em algumas partes, culpa exclusiva minha. Eu aceitei tudo e usei isso como aprendizado.  

Peço minhas sinceras desculpas, se decepcionei ou entristeci alguém e se meu nível de chatice ultrapassou os limites do bom senso! É que essas coisas acontecem durante o amadurecimento.. É tudo bem difícil de lidar, de processar... Sei que minha grosseria atingiu níveis incomparáveis e, algumas vezes, até eu não me aguentava, quem dirá quem convivia comigo.

Esse ano também me apaixonei. Por amigos, por mim mesma, pela minha família... Várias e várias vezes. E foi bom! 

Pra resumir e acabar com a ladainha: além de único, 2012 foi recheado de surpresas boas, novidades, de muitos adeus mas também de muitos olás, de aprendizado, crescimento e amadurecimento. Obrigada a todos que estiveram comigo, pela paciência e amor dedicados à mim! :D

E que venha 2013!

domingo, 9 de setembro de 2012

Sem envolvimento

"Quando o sujeito confessa que não deseja se envolver não é fraqueza, é cara de pau! Nas entrelinhas, ele tá dizendo o seguinte: terá que me agradar muito pra me conquistar. Ele lava as mãos para que você trabalhe dobrado pela relação. Ele apenas quer receber e  ser mimado. É o escravagismo do silêncio.
Abolição já!"

Fabrício Carpinejar

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Só tentando verbalizar um sentimento irrustido!


Have I found you, flightless bird?

Trecho de uma das músicas que mais gosto, quando tô na deprê. Antes de derramar o mundo de pensamentos que me atormentam nessas ultimas semanas, quero fazer uma pergunta que sei que ninguém tem uma resposta muito lógica pra ela: Por que sentimos prazer em ouvir musicas depressivas, quando já estamos num estado deprimente, sendo que essas músicas só farão com que nossa vontade de chorar aumente?! Só Jesus na causa...
Essa música tá no repeat já faz um bom tempo. Acho que tocou umas 7 vezes, depois que, bem relutante, resolvi deixar a Another Lonely Day de lado...

Não sou muito de falar sobre tristeza, ainda mais quando vem de dentro de mim. Porque é verdade quando todo mundo sai dizendo por aí que não conheço esse sentimento, porque tô sempre feliz. É verdade mesmo. Sou 90% do tempo bem feliz. Se meu amigo só me procura quando a namorada dele tá muito ocupada porque ela não sabe que ele conversa comigo, e quando eu mais preciso ele não está lá, eu também não dou a mínima. Se minha amiga desmarca comigo o jantar e faz check in junto de outra amiga no dia que ela disse que ia visitar a vó doente, eu não dou a mínima. Se quem costuma conversar comigo durante o dia some, porque está atarefado demais, eu continuo não dando a mínima. Mas deixa eu acordar num dia como hoje... E olha que eu sai, passei a tarde rindo e ajudando uma amiga, tentando ao máximo ser uma companhia agradável... Difícil não saber nem no que pensar.

Tô triste, mundo. Tô mesmo. Por quê?! Boa pergunta! Eu não sei. Não mesmo. Não sei porque estou triste, morrendo de vontade de chorar, e com preguiça de viver. É até pecado capital dizer uma coisa dessas quando não se está nem de TPM, mas é. É isso aí.

Acho que é um sentimento de impotência.. Não sei descrever bem. Cheguei aos 20 e tudo o que sonhava, não se realizou. Todos meus planos que eu tinha para 'agora', que eu fazia questão de escrever detalhadamente, todos os meus desejos e minhas vontades, não foram realizadas. Meus planos não foram colocados em prática. Algum deles por culpa minha, outros porque acho que Deus sabe que não seja a hora ainda, talvez. Não sei. Não entendo. Não sei se um dia vou entender, ou se a coisa só vai acontecer e minhas perguntas vão ser respondidas conforme a música for tocando. Realmente não sei. Disse que é uma sensação de impotência porque não sei o que fazer por mim. Uma amiga costuma dizer que "você, Ana Neri, sempre tem uma resposta pronta"! É verdade, eu tenho. Pros outros, não pra mim. Normalmente, não sempre, digo algo que deixa o outro lado melhor, sou otimista, penso no lado positivo, tento deixar os problemas mais leves, ver o melhor angulo deles, tentar transformar o ruim em mais-ou-menos-bom. Só que não funciona comigo... Até porque já tive alguns motivos para tal.
Acho que sinto falta de quem resolva o quebra-cabeça pra mim. Alguém que seja otimista, que pense no lado positivo, que tente deixar os problemas mais leves, que veja o melhor angulo de tudo, que tente transformar o ruim em mais-ou-menos-bom...

Dá uma vontade de dar um chacoalhão em quem vem com a ideia de girico de que "eu queria ser igual você, cara de pau, que não liga pros outros...". Fala sério! É igual diz a música do Titãs: "cada um sabe a alegria e a dor que trás no coração"... Você quer meu lado bom e divertidinho, mas esqueceu que junto vem o lado ruim, estragado, desconcertado, solitário e inquieto...
Faço pinta de descarada, que não liga pra ninguém, nem pra opinião de ninguém e que tá tudo mil maravilhas. E é até nisso que acredito: se tá tudo uma grande porcaria, finge que tá bem que uma hora fica mesmo. É assim que vou vivendo. Sendo covarde comigo mesma. Me escondendo de mim mesma. Sendo falsa comigo mesma. Sou solitária, mas solitária de mim mesma. Não sei verbalizar direito o que eu ando fazendo comigo. E agora vem a parte mais covarde de todas: acredito que não posso mudar. Não que não tenha forças, é porque não quero mesmo. Tapar o Sol com a peneira pode ser mais cômodo. E quem é que não gosta de comodidade, certo?

Dá pra viver com uma tristeza assim. Que só vem de vez em quando, mesmo num dia ensolarado ou numa noite bonita de lua cheia. Acho que dá pra derramar uma ou duas (no máximo) lágrimas no travesseiro quando eu deitar e fechar os olhos, esperando que todas as culpas que eu carrego pelos outros, os medos, as frustrações, os problemas venham na minha mente... Dá pra deixar que escorra pela bochecha. Ou, se tiver um pouco de raiva misturada, eu passo o rosto na fronha e acabou. Passo a noite em claro, mas dali uns dois dias a falsa felicidade volta e eu consigo estocar um pouco mais de força pra próxima.

Tô precisando de uma luz divina. De sonhos novos, de planos, de vontades e desejos...

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Ê vida!

E um belo dia, você se vê dominada por uma infinidade de sentimentos indescritíveis. Alguns que fogem do seu controle, que você não costuma se permitir nunca, pois sempre soube que era a forma mais fácil de viver sem frustrações. Você se vê falando com quem nunca imaginou, ou discutindo sobre algo ridículo, ou se importando com coisas sem significado e até sem sentido.
Dá pra apertar o pause. Até porque a música toca de acordo com nossa vontade. Mas a questão é: você quer apertar o pause?
Sempre que encontra uma resposta, outras milhares de perguntas surgem. E você só vai prendendo mais ainda à situação...

Essa é a vida. Surpresas acontecem. Algumas delas conseguem te modificar. Fazem com que você reveja seus conceitos sobre tudo o que você já tinha certeza....

quarta-feira, 18 de abril de 2012

2º Semestre

Eu juro que eu achava que esse semestre ia ser mais fácil em relação às pessoas. Eu achava mesmo! Foi uma doce ilusão...
O primeiro semestre é café com leite. Sério. Nada que aconteça no seu 1º semestre da facul se igualará aos demais. Juro pra você, é fichinha por mais anormal que você ache que foi. Eu só tô no 2º e tá trash. De outro mundo. 100 vezes pior do que o primeiro. E acredito que vai ser assim sucessivamente. Só piorando...
A gente sempre acha que tá gostando das coisas/pessoas. Uma folha cai da árvore e a coisa muda. Parece o clima de São Paulo, calorzão 12h e friozão 23h. A afeição acaba do dia pra noite. A pouca importancia também.
No momento atual estou desmotivada, desanimada e com vontade de largar tudo. Eu nunca tive certeza se tinha escolhido o curso certo, agora então.. Tá só piorando.

Como eu faço pra arranjar paciência?!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Adios, 2011!

What sould I say about 2011? well.. it was an amazing year! Definetly, much better than I could imagine... I know I usually complain a lot about my life, but this is one of my sins. I had an incredible time this year and i'll try to talk about the most important ones here.


First of all: I grew up (I didn't get taller everybody, sorry!). I got a job and started college. Two big things to every single person in the world (or not). Work made me a more responsible person. College, didn't. Work gave me a lot of true friends, that i'll keep in my life forever (i'll talk about everyone and theirs paticularities later). College too (and i'll talk about specific friends later, too). Work made me sad. College, not yet. Work made me happy. College did it too. Sometimes I felt like a grown up girl, other times i felt like i was eight years old, and i think this was the best moments that I had. I know college will last for, at least, 8 semesters. Work, will not. Both were, are and will be the best experiences and memories of my life.


About family: one relative thing is: I'M AN AUNT NOW (poor child!)! Yes, this is the best thing ever! - everything is the best thing for me, geez - His name is Gabriel and he's the cutest 
thing in the world! he's smart, intelligent and the most beautiful little thing in the world. 


Let's be more specific about my job: It was scary, at first. I had no idea about what I would do, if people would like me, if I would manage the job or make friends. I was deadly wrong. The job was nice and easy, there was a ot of cool people (and some not so cool). I made friends, as I already said, that will stay in my life forever. - YES, if your name is Anderson, Juliana or Maicom stop thinking you'll be free in a few years. You won't! (muahaha) - Work is not the first thing we do there. We talk. A lot, if i'm allowed to say it. And we laugh, about everything, everytimes. That's why I think I will never have a job as cool as this one. I'll never make friends so easily and I'll never find so many different people in the same place, as I did in this one. 
All of the three of them (hahaha) are extremelly different: Ands is the worst of them. He's 
always in a bad mood, always complaining about everything and he always disagree about my opinions and about what I want and what I say and he's lazy. He is the best guy in the world. Funny, incredibly intelligent and smart, after all and sometimes he doesn't know  how lovely (HAHAHAHAHAHAHAHA - euri!) he is... Jujuba is the best one: funny, smart, intelligent and had no humor sense (just when i say something serious - don't know why she laughes when i'm talking seirously about something, actually she laughs about everything so, forget it - She looks a lot like me (i'm not talking about was she looks physically) and think like me about a lot of things too. She came into my life in the right moment. I was really needing someone like her. Maicom (vulgo Minduim) is the funniest one. He's creative and make jokes about everything. He can make you laugh as easy as abc. - We'll open a business and we'll be rich and we'll work together forever (hahaha). And this is just the first chapter of our lifes (: - you, that usually reads the things i write knows that i'm a dreamer, so...


At college, i wont say too much about everybody. I'll talk about the different things that happened: i met a lot of people that are not brazilian. Two wonderful (in every way!) french guys that i'll try to keep in my life forever. And i'm sure i'll manage this. Met some mexican people, that are lovely and friendly. I know this is just the biggining. There'll be a lot of other things that will make me grow much more in every way. I know i'll laugh a lot with Tons, Bruninha, Pati, Min, MahGe and the other people.. we'll make and talk about crazy things, funny things, idiot things... we're just in the first semester. There's a lot of things to live!


I had sad moments too. Made a friend and lost him as soon as I could imagine. Lost old friends, too. Lost contact with important people, important and necessary people. One of the things in my 'to do list' to 2012 is go back to talk with them. No reason to stay away anymore, friends are supposed to be friends right to the end.


WELL, BE WELCOME 2012!!! Hope you surprises me just like 2011 did!!


PS: Speak one more languages is the second thing in my 'to do list' too. I'll try not to make this iten that that kind of thing that you put just to look smarter, but everybody know you won't do it. Like: be a skinny girl!! HAHAHAHAHA

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Medo de se apaixonar - Fabrício Carpinejar



Você tem medo de se apaixonar. Medo de sofrer o que não está acostumada. Medo de se conhecer e esquecer outra vez. Medo de sacrificar a amizade. Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o trajeto para apressar encontros. Medo se o telefone toca, se o telefone não toca. Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa. Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo. Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente. Não suportar ser olhada com esmero e devoção. Nem os anjos, nem Deus agüentam uma reza por mais de duas horas. Você tem medo de se apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida. Medo de enfrentar a infância, o seio que criou para aquecer as mãos quando criança, medo de ser a última a vir para a mesa, a última a voltar da rua, a última a chorar. Você tem medo de se apaixonar e não prever o que pode sumir, o que pode desaparecer. Medo de se roubar para dar a ele, de ser roubada e pedir de volta. Medo de que ele seja um canalha, medo de que seja um poeta, medo de que seja amoroso, medo de que seja um pilantra, incerta do que realmente quer, talvez todos em um único homem, todos um pouco por dia. Medo do imprevisível que foi planejado. Medo de que ele morda os lábios e prove o seu sangue. Você tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo. O corpo mais lado da fraqueza. Medo de que ele seja o homem certo na hora errada, a hora certa para o homem errado. Medo de se ultrapassar e se esperar por anos, até que você antes disso e você depois disso possam se coincidir novamente. Medo de largar o tédio, afinal você e o tédio enfim se entendiam. Medo de que ele inspire a violência da posse, a violência do egoísmo, que não queira repartir ele com mais ninguém, nem com seu passado. Medo de que não queira se repartir com mais ninguém, além dele. Medo de que ele seja melhor do que suas respostas, pior do que as suas dúvidas. Medo de que ele não seja vulgar para escorraçar mas deliciosamente rude para chamar, que ele se vire para não dormir, que ele se acorde ao escutar sua voz. Medo de ser sugada como se fosse pólen, soprada como se fosse brasa, recolhida como se fosse paz. Medo de ser destruída, aniquilada, devastada e não reclamar da beleza das ruínas. Medo de ser antecipada e ficar sem ter o que dizer. Medo de não ser interessante o suficiente para prender sua atenção. Medo da independência dele, de sua algazarra, de sua facilidade em fazer amigas. Medo de que ele não precise de você. Medo de ser uma brincadeira dele quando fala sério ou que banque o sério quando faz uma brincadeira. Medo do cheiro dos travesseiros. Medo do cheiro das roupas. Medo do cheiro nos cabelos. Medo de não respirar sem recuar. Medo de que o medo de entrar no medo seja maior do que o medo de sair do medo. Medo de não ser convincente na cama, persuasiva no silêncio, carente no fôlego. Medo de que a alegria seja apreensão, de que o contentamento seja ansiedade. Medo de não soltar as pernas das pernas dele. Medo de soltar as pernas das pernas dele. Medo de convidá-lo a entrar, medo de deixá-lo ir. Medo da vergonha que vem junto da sinceridade. Medo da perfeição que não interessa. Medo de machucar, ferir, agredir para não ser machucada, ferida, agredida. Medo de estragar a felicidade por não merecê-la. Medo de não mastigar a felicidade por respeito. Medo de passar pela felicidade sem reconhecê-la. Medo do cansaço de parecer inteligente quando não há o que opinar. Medo de interromper o que recém iniciou, de começar o que terminou. Medo de faltar as aulas e mentir como foram. Medo do aniversário sem ele por perto, dos bares e das baladas sem ele por perto, do convívio sem alguém para se mostrar. Medo de enlouquecer sozinha. Não há nada mais triste do que enlouquecer sozinha. Você tem medo de já estar apaixonada.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Vida de caloura, parte II

Há uns meses atrás eu postei como foi meu primeiro dia de aula. Terrível. Um fracasso. Um típico primeiro dia de facul pra um serzinho que acabou de sair do colegial.
...muitas outras coisas já aconteceram, como era de se esperar. Muitos outros micos, muitas outras trapalhadas e muita gente nova na minha vida...

Só pra concluir o post anterior sobre 'onde estava aquele povo todo' : estavam no anfiteatro minha gente. Ninguém foi abdusido não. Droga :( Hahahahaha...

Ok, voltando ao que interessa nesse exato momento: como estão as coisas até agora!
A respeito do curso: Olha, no começo eu achei que eu tinha escolhido certo e que eu era o máximo e que RP era minha vida. Er... uma vez eu disse que "quando se é jovem, a gente acha que pode e que sabe tudo. Mas a gente não sabe e não pode nada!" Pois é. E pra variar um pouco minha vida: não estou mais tão certa se isso é mesmo o que eu quero fazer até que a aposentadoria e a vida mansa chegue. A gente passa a vida toda querendo estudar só o que a gente quer, mas quando chega na hora de decidir e escolher, a gente nunca sabe o que quer. Que dificuldade ser gente, viu... Mas vamos falar das coisas boas...

Like everybody already knows: Eu sou um pouco comunicativa, certo? CERTISSIMO. No primeiro dia conheci toda a galera (que é composta por 25 garotas e 3 garotos - isso mesmo, eu não tô brincando --'). E todos nos demos muito bem, no começo. Eu sei que ainda é o começo, mas no começo do começo já deu rolo e o grupo deu uma dividida. Mas não importa, afinal, somos seres humanos. Isso ia acabar acontecendo mais cedo ou mais tarde, é a lei de Murphy... Eu, particularmente, não me dou mal com ninguém porque eu sou amiga de todo mundo, brinco com todo mundo e faço cara feia pra todo mundo. Já era. Eu faço mesmo. E sou chata com todo mundo na mesma medida. E, com certeza, outros grupinhos fechados se formarão até o final do 8ª semestre...

Uma dessas meninas, a Evelin Carol (uma das que eu mais gosto), trabalha no International Office da Facul.. E esse nome remete a que? Coisas que não são do Brasil. Se estamos na facul, essa categoria 'coisa' já se resume à 'pessoas'. Pessoas são o meu forte. Sendo assim, tenho amigos de vários lugares do mundo agora, e por isso eu sou uma pessoa mais feliz, mais perdida e mais desastrada...

Qualquer fato relevante será adicionado e detalhadamente comentado as soon as possible.

Até outra hora...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Ivan Martins

Se cada uma das pessoas do passado conta um pedaço da nossa vida, há vários pedaços de mim que se perderam. (...)

Uma das minhas teorias (descartáveis) sobre o amor é que apenas o tempo nos permite avaliar sua real importância.
...
(...) Vista de um jeito triste, a vida é uma longa enumeração de perdas, mas algumas delas são totalmente desnecessárias. É como se não soubéssemos como o tempo e os afetos são importantes e saíssemos por aí desperdiçando.

(...) Por isso, cuidado ao jogar pela janela relações valiosas. Cuidado ao descartar pessoas queridas. Não há tantas delas assim numa única vida. E cada uma delas leva consigo um pedaço da história da nossa história.

Isso não quer dizer que a gente não tenha de fazer rupturas e avançar. As coisas acabam para que outras coisas comecem.

(...) É preciso haver silêncio e afastamento. Há que permitir que as coisas terminem e que os sentimentos se reciclem. Então, sim, as pessoas podem voltar a se relacionar, de outro jeito.

Há quem defenda a teoria de que relações de amizade entre gente que se amou são impossíveis. (...) Eu não acho.
Os sentimentos, como a água, correm e vão parar em outro lugar. Eles tomam outra forma.

(...)
Depois que o amor e a dor ficaram para trás, permanece um afeto contaminado pela antiga intimidade. Eu gosto desse sentimento, aprendi que ele é uma parte boa da vida, sei que é mais gostoso, infinitamente mais doce, que o vazio das relações que se extinguiram – que nós permitimos que se extinguissem.