domingo, 27 de julho de 2014

Sobre saudade...

Saudade...

...De dizer bom dia, boa tarde, boa noite, perguntar do sobrinho, falar sobre o sobrinho, perguntar do joelho, contar da cabeça, reclamar da faculdade, perguntar da faculdade, contar do sonho, perguntar do plano, conferir quando vem ou se chatear quando não vem... 
...Dos domingos de manhã, da bateria, do trator, dos óculos de sol, da gastrite, da camisa rosa, do cuidado, dos apelidos, do "não bebe muito", do "não volta tarde", do "quem é esse?", do "é só minha amiga", do "o que eu faço?", do "queria estar com você"...

Mais de três meses e eu ainda não consigo ouvir algumas músicas sem travar a garganta... Mais de três meses e eu volto pra casa pensando se o nosso "não nos falaremos mais" ainda vai me afetar de alguma forma... Também andei odiando qualquer pessoa que usa camisa rosa. É que ainda acho que fica mais bonita em você. Ultimamente não escuto Titãs. Também não ando bebendo muito e volto pra casa cedo. Tô aprendendo alguns modelos de carro também, caso precise no futuro.

Eu não sei o que fazer nesse inverno... Qualquer coisa anda me causando tédio.. 
Posso pular os Domingos de manhã da minha agenda?

terça-feira, 15 de julho de 2014

Fim ou o começo do poço?

Em reunião de família sempre rola aquela certeza de que você pode melar o dia da galera se der vexame, ou fazer todo mundo feliz com sua versão alterada e engraçada. O problema do álcool é que, às vezes, rola aquela necessidade incontrolável de tentar se encontrar de uma forma melhor através da bebida. E isso traz a tona aquela solidão que fica escondidinha dentro do seu peito e que aparece sorrateiramente quando você menos quer ou quando faz menos sentido ela dar o ar da graça. Solidão essa que seria aceitável num domingo a tarde chuvoso, ou na volta pra casa num dia da semana qualquer de cansaço e necessidade de um abraço ou qualquer demonstração de afeição. Não. Ela aparece num feriado, quando seus sobrinhos correm pra lá e pra cá, seu irmão tá do seu lado apertando sua barriga, enquanto o outro dá um tapinha no seu bumbum pra relembrar a época em que as cinco crianças moravam debaixo do mesmo teto, além de ter suas cunhadas cercando a mesa... e você tá lá, só vendo tudo passar. 
Quando a gente tá com medo, nosso instinto de afogar aquele sentimento angustiante numa garrafa de cerveja fala mais alto. Mesmo sabendo que todos estão em casa e que a probabilidade de bater com a língua nos dentes é grande, a gente arrisca.

Ao invés de cair da cadeira, derrubar alguma coisa ou rir desesperadamente pra qualquer coisinha babaca que acontece, o tiro sai pela culatra e o efeito colateral da mistura entre seu medo e o álcool é o efeito que você mais queria evitar (porque sabe o tamanho da vergonha que vem com ele): o choro. Não tô dizendo de um choro contido, ou uma lágrima que rola no canto do olho e a gente passa rapidamente a manga da blusa pra tirar logo aquele rastro da bochecha. Até porque pra minha infelicidade maior não tava frio o suficiente pra usar blusa de manga. Eu tô falando de choro mesmo. Aquele que te estremece e faz seus ombros descerem e subirem incontrolavelmente. Aquele que não dá pra disfarçar nem se você quiser. Segundos depois e seu irmão mais novo, o mais velho e a mãe tão do seu lado. Um sentado na sua frente te olhando com cara de dó, o outro te abraçando e sua mãe com os braços cruzados do seu lado. E você envergonhada, se sentindo nua e desamparada mesmo com tanta gente disposta a ajudar no que fosse possível.

Não vamos falar sobre o motivo. Bola pra frente, que a vida continua. Dia seguinte a gente chama a amiga pra tomar uma cervejinha e aquela pontinha de solidão reaparece minutos depois de ter pedido a primeira cerveja. Letras garrafais estampam uma faixa na frente do bar dizendo que é open bar. De alcool e churrasco. Uma parte de você justifica a atitude de tacar o 'foda-se' e beber novamente porque você merece. A outra parte te olha incrédula, crente de que sabe que aquilo não é exatamente o que você quer. Não é aquilo que você precisa. Seis horas depois e você tá voltando pra casa, sem conseguir distinguir direito o que é pé esquerdo e o que é pé direito. Aí a gente entra no ônibus e coloca os fones de ouvido. Playlist no modo aleatório. E logo a musica que você devia ter evitado começa a ecoar nos seus ouvidos, te fazendo pensar em tudo o que você havia ignorado a tarde toda. Sabe aquele choro não contido no dia anterior? Lá está ele novamente. Te fazendo balançar na cadeira em frente ao cobrador, que te olha com olhar de compaixão. E se não bastasse, cada vez que você respira fundo e acha que aquilo vai passar, a tempestade de lágrimas te traz ainda mais pro fundo do poço, te fazendo perceber que não, você não é sempre forte.

Como é que a gente chegou a esse ponto? Como é que a gente sai desse ponto?

domingo, 13 de julho de 2014

A Copa das Copas

Foi o melhor mês da minha vida.

Meus descendentes ouvirão sobre a experiência de ter recebido a Copa das Copas no nosso país. Vou contar que antes era #naovaitercopa, mas que logo a gente virou a história pra usar na legenda de todas as fotos que #tatendocopa - deixemos os hipócritas de lado. Vou contar dos amigos de bar, churrasco e ressaca que eu fiz (tô brincando, pai). Vou contar que falei mais inglês nesse mês do que já tinha falado em toda a minha vida de estudos (mais ou menos isso ai). Vou contar que eu bebi, ri e me diverti muito (com moderação, do jeito que você me ensinou, mãe!). Vou contar também que vi times grandes caírem de forma vergonhosa na fase de grupos mas também contarei como nosso Brasil - que tomou uma goleada histórica, fazer o quê - caiu só nas semifinais. Vou contar pra eles que nossos ancestrais vieram da Alemanha e que, além desse país fazer parte da nossa árvore genealógica, o time da Alemanha conquistou o Tetracampeonato na Copa das Copas e meu o coração no processo (Poldi, seu lindo).

Mas antes de contar pra eles, vou contar pra vocês que eu já sinto falta da Copa e disso tudo (idaí que faz um dia só que eu não ouço o "oêêaa"?). Vou sentir falta de perder uns minutinhos do meu expediente expiando os jogos, de ver todo mundo marcando o próximo rolê pra ver o Brasil jogar ou pra secar o rival, de correr pra Vila Madalena pra conhecer gente nova e dar risada com a galera, de xingar árbitro, jogador rival e comentarista idiota (pai, xinguei pouco, juro), das cervejas (pai, foram poucas), discussões acaloradas e sotaque de gringo (ou de falso gringo, né bonitões?), sempre nas melhores companhias :)

Digo adeus à Copa das Copas, mas digo até logo à Copa do Mundo. Porque em 2018 tamo junto na Rússia, Brasil sil sil.

PS: Além disso tudo, também vou contar que na última semana de copa meu siso inflamou e eu passei na essa ultima semana da felicidade de molho em casa, porque tava impossibilitada de dar risada e falar como uma pessoa normal - quem dirá tomar uma breja marota (uma só, papito) com o pessoal. Mas que faz parte e a tia/mãe/vó tá viva pra contar a história, criançada..