terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Alívio.

Um ano e sete meses que eu tinha aceitado que não teria mais você na minha vida. 19 meses ciente de que não teria mais domingos de manhã cheios de carinho, acordando cedo só pra perder um tempo conversando sobre qualquer coisa que desse na nossa telha. Agora esse dia era destinado à ressacas - físicas e morais. Aumentei os números, esvaziei o coração e enchi o copo. Talvez mais do que devia, pra não lembrar do que eu tinha ido lá pra esquecer. 

Depois da diversão, tudo ficava claro: a tristeza batia, a repulsa era instantânea, a sensação de solidão era profunda e a saudade que eu tentava esquecer só aumentava. As pessoas, a música, o lugar, a bebida, a companhia do dia, tudo virava um fardo. Tudo isso era como uma droga com benefícios limitados mas que tinha muitos efeitos colaterais. 

Por onde você estava? Por que não voltava? Por que foi? 

Eu estava emocionalmente indisponível pra qualquer outra pessoa, não tinha espaço aqui, nem condições emocionais pra possíveis substituições vazias. O que morava em mim era saudade, incertezas e vazio. Te procurava em todos eles na forma de falar, de conversar, de me chamar... Comparações são inevitáveis. Ninguém é bom o suficiente. 

A culpa do adeus me atormentava todo dia. Nos primeiros dias ela me sufocava. A culpa de ter dito o que não deveria, de fazer o que não era o certo ou de manter o que não deveria ser mantido. E mesmo assim eu te esperava. Mais no começo, menos depois. Mas esperava.

Até que você voltou.

Senti alívio.
Alívio daqueles que a gente sente quando consegue cancelar um e-mail que ia pra pessoa errada. Ou quando consegue fazer xixi quando tá com muita vontade. Alívio de lembrar do aniversário do seu melhor amigo no último minuto. Alívio como quando a gente joga uma água na cara depois de terminar uma corrida. Alívio de ter tido a coragem de levantar a bunda do sofá e ir correr. Aivio de saber que o pesadelo acaba quando a gente acorda. Alívio de ver que o machucado não doi mais. Porque não doía. Não mais. 

Muito tempo passou. Muita coisa mudou. Muitas pessoas entraram e saíram. Menos você. Você é o mesmo. Nós somos os mesmo, nem que só sejamos os mesmos um com o outro.

Não espero ter você nos meus domingos. Eu sei que não vai ter cócegas no sofá num sábado à tarde. Não vai ter cinema. Não vai ter mãos dadas tomando sorvete à tarde. Não vai ter conchinha. Não vai ter abraços, mordidas, beijos, cafunés. 

Mas obrigada por ter me ajudado a encher meu coração, agora cicatrizado, de cor novamente.




terça-feira, 22 de setembro de 2015

Procurando meu Apê - Parte I

Vamos esclarecer algumas coisas sobre a decisão:
  1. gente, eu tenho (quase) 23 anos de idade e essas coisas acontecem;
  2. dividir apartamento com amigas não me categoriza como sendo ou não uma "moça de família". Na real isso aí é bem ultrapassado e o cu tem nada a ver com as calças, tá? 
  3. meus irmãos já tinham ido tocar a vida deles na minha idade. É o ciclo da vida (trilha do Rei Leão pra ajudar vocês na imaginação) e uma hora ou outra isso ia rolar;
  4. isso ajuda a amadurecer. É sempre bom :)
  5. Eu preciso abandonar alguns "medos" e isso também é parte desse processo;
  6. pronto, dada essa introdução do porquê sim e porque não, vamos agora acabar com esses itens e passar pra informações mais legais sobre isso tudo.
Primeiro de tudo eu precisava de alguém que topasse isso comigo. A Dani, linda que só ela, topou de imediato porque também acha que tá no mesmo momento de vida que eu. Resolvido isso, deu pra começar a pensar mais racionalmente.

Pra começar eu salvei nos favoritos mil sites de imboliárias, baixei aplicativos diversos, baixei paciência e até o espírito de independência que eu tanto precisava pra criar coragem de verdade e botar isso em prática. Depois, percebi que eu ia precisar me organizar (a forma como as coisas estão estrategicamente colocadas na minha mesa de trabalho - ou no meu guarda roupa - não me categoriza como sendo ou não organizada amigos, podem segurar essa crítica ai), então arranjei um caderno pra ter uma lista pra categorizar os apês - usando minha própria escala - em:
( ) quero morar aqui agora, meu Deus, onde eu assino?
( ) gostei sim, mas vamos ver outros pra ter certeza
( ) não gostei nem desgostei
( ) não gostei e já quero riscar esse da lista
( ) pelamor de Deus, quem conseguiria morar aqui???
- além disso eu também achei conveniente anotar na agenda do celular PLUS enviar invites para deixar nas nossas agendas do outlook (na minha e na da Dan). Aí pronto. Tava pronta pra começar a brincadeira...




Tem algumas coisas que precisaram ser levadas em consideração nesse processo:

  1. as pessoas mentem, disso todos nós já sabemos. Mas quando elas querem repassar algo rápido, elas mentem mais, então essa minha cara de ingênua não ajuda muito - apesar de que também não atrapalha quando os donos são senhores de idade que te acharam um amor;
  2. a cada 5 apartamentos, dois deles são muito piores do que o anunciado e outros dois são mais caros do que haviam dito;
  3. o labo bom disso tudo é que tá todo mundo desesperado pra alugar, então chorar é bom que o preço abaixa ou outras condições milagrosas aparecem, sério;
  4. não dá pra acreditar quando eles dizem "tem muuuuuita gente interessada moça, se eu fosse você, caso tenha gostado mesmo, já via pra dar entrada....", porque depois de um "então, é que eu vi um mais barato ali ó, bem em frente a esse aqui" eu vi pela expressão facial dos donos que eu posso sair ganhando na negociação porque, como eu disse, tá todo mundo desesperado pra alugar imóvel devido à crise.
  5. a Paulista é linda 
  6. quando as pessoas dizem "tem quarto de empregada" entenda: tem um cômodo de 2m² por 2m² que a gente soca uma cama aqui e chama de quarto. Não é, tá? Chega a ser desumano.
O primeiro apê que a gente viu era o típico caso do item 2 e 6, at the same time. Nos disseram que o apê tinha 4 quartos, sendo um deles de empregada. Na real o apê tinha 2 quartos e um cubículo. Era literalmente um cubiculo. Tem cachorrinhos que dormem em lugares mais espaçosos que aquele. Sem condições jogar alguém ali, não cabia uma cama, quiça uma cama+guarda-roupa. O ponto positivo dele foi a localização: 15 minutos andando do trabalho, 5 minutos da Rebouças, 5 minutos da Teodoro, 5 minutos da Faria. Mão na roda. Mas tivemos que dar adeus. Na minha escala ele ficaria no "gostei sim, mas vamos ver outros pra ter certeza", SE o aluguel não fosse bem maior - porque afinal a divisão seria por 2 não por 4.

Não encontrei meu apartamento ainda. Mas já tem um na categoria "quero morar aqui agora, meu Deus, onde eu assino", Só não assinei porque ele é caro e eu sou pobre. Mas eu conto depois como é que eu ando no search! Eu conto mais pra frente porque agora eu tenho mesmo que tentar entender uma Macro que tá me prendendo há quase 2 dias cheios.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Meu Dezembro

Ia intitular esse post de "inferno astral", mas como eu não acredito nessas coisas resolvi reinventar isso ai.

Aqui vão algumas coisas que eu tô precisando verbalizar pra amenizar a bad nostálgica com uma pitada de frustração que me pegaram hoje:

- Eu abri minha gaveta e achei uma carta (eu era dessas) que eu fiz pra mim mesma há quase 6 anos. De todas as minhas projeções que estavam lá, só uma deu certíssimo: o curso da faculdade. Nem melhores amigos, hobbies.. nada resistiu. Me desfiz do último hobby que poderia ter sobrevivido aos últimos 10 anos: o teclado. E hoje em dia meu melhor amigo da época é mais um conhecido que um amigo. Graças a Deus me conheço mais hoje que naquela época...

- Tem um vídeo que meu pai fez, no meu aniversário de 6 anos: morávamos em Manaus e eu estava conhecendo o filhinho recém nascido de uma amiga da minha mãe. E no vídeo eu falo que quero ter 40 filhos (Deus do céu) e casar com 18 anos (criança não sabe de nada mesmo). Nunca namorei e  planejo adotar uma criança. Como é que alguém casa com 18 anos, gente? Ainda bem que a gente cresce..

- Sempre fui muito precoce pra minha idade (ouvi isso tantas vezes da minha mãe que perdi as contas). Mas vou quebrar uns tabus: eu fui a primeira vez na balada aos 19 anos. Isso, 19. Você leu certo. Foi em uma viagem pro litoral. Não amei a balada, apesar de achar que eu ia me enfiar nessa pra nunca mais sair. Diferente da maioria das pessoas da minha idade, meu pique pra isso diminui a cada rolê que eu faço porque o que meu corpo já não aguentava antes, aguenta menos ainda hoje em dia. Nunca virei uma madrugada e fui trabalhar direto. Pra aumentar ainda teu espanto: nunca fui numa cervejada - sim, você leu isso mesmo.

- Eu não sei manter amizades a longo prazo. Eu tenho uns pouquissimos amigos que resistiram ao tempo, mas é porque eles me conhecem genuinamente e entendem de bom grado e coração aberto esse meu defeito. Sair com muita frequência, fazer declarações all the time e compartilhar cada detalhe da minha vida com os outros é difícil a longo prazo. Eu sou volátil (será que seria isso mesmo?) quando se trata de manter as pessoas no meu ciclo social diário. Toda vez que eu te disser "te amo pra sempre", não quer dizer que vou dormir na tua casa todo fds pra sempre ou planejar encontros corriqueiros pra sempre. Dá pra amar de longe. E não, eu não me orgulho disso. Só queria tentar me redimir pra algumas pessoas e queria que elas entendessem esse meu defeito de fábrica. Além de que é hard pra burro manter um assunto com amigo das antigas quando não se tem uma certa intimidade. Entendam: pra amar não precisa estar perto. Não me julguem, não é falta de carinho e eu sinto muito por essas e outras mancadas que dou diariamente...

- Como me tirar a paciência: "você não pode viajar com a gente porque é um rolê de casal". Juro que toda vez que eu ouço isso, parece que não, mas me dá preguiça de viver perto de vocês. Pronto, falei, to cagando pra vocês quando me vêm com essa e to cagando mais ainda pra esses rolês "só de casais" - mas ainda continuo amando todos =*

- Pessoas mais velhas não compreendem o quão indiferente é pra mim qualquer tipo de crise que elas tenham em relação ao "envelhecimento". Quanto menos eu me importo com isso melhor vou vivendo a vida. Fica a dica. Não me importo e provavelmente pouco vou me importar, seja com 25, 30, 40... Então sim, toda vez que você vier com "mas eu ja to com mimimimimi.." eu vou continuar virando os olhos e mandando você crescer.

- Ficar repetindo "vc só sabe fazer o básico na cozinha" não vai fazer com que eu me inscreva num curso de culinária avançada. Minha vó gosta do meu café e meu pai ama meu arroz, pronto, tá ótimo. Vou começar a me preocupar com isso quando tiver que morar sozinha, por hora, i really dont care e toda vez que alguém joga isso na minha cara como uma "lição de moral", entra por um ouvido e sai por outro. De verdade.

- Tinha medo de como seria/será minha vida profissional. Me disseram que meu trabalho, nessa fase da vida - recém formada - não seria nada do que eu planejava. Maior mentira. Amo pra caralho essa parte da minha vida (mesmo não sabendo se isso durará por muito tempo) e queria dizer que dá pra você amar seu trabalho aos 23 anos. Não me encontrei 100%, mas por hora é mais do que eu poderia pedir.

 - Uma das ultimas coisas que eu ouvi de alguém foi que eu sou  totally fucked up (sim, isso mesmo) quando o assunto é sobre como eu me viro com pessoas que eu tenho interesse. Tô procurando ainda um argumento pra desmistificar isso, mas ele ainda não existe. Reconhecer é o primeiro passo, né?

Nessas semanas que antecedem meu aniversário - chamada de Inferno Astral ou whatever - a unica coisa que eu consegui perceber é que a gente tenta muito se encaixar no perfil que é 'o certo'. Só que fica difícil quando você é um triângulo e o perfil desejado é um quadrado. Você tenta se equilibrar pra fazer as pessoas que convivem com você mais felizes, mas chega uma hora que não dá mais e a gente cai fora do quadrado desenhado. A pergunta que eu tô tentando responder é: vale a pena se equilibrar?


segunda-feira, 13 de julho de 2015

Como lidar?

Eu tenho um sério problema (um dos, eu sei que tenho mais, eu seei) quando o assunto é minha família. Sou dependente deles. Por mais que minha mãe não me mande whatsapp quando eu passo noite fora, por mais que ela nao fique acordada de madrugada pensando abobrinha sobre os lugares onde eu possivelmente estou, por mais que ela diga que eu sou pior que os meninos, por mais que meu pai fique soltando fogo pelo nariz quando eu não concordo com ele, por mais que o meu irmão me faça passar vergonha no meio do shopping Eldorado inteiro, por mais que meu irmão só venha me ver a cada 30 dias, por mais que minha irmã ame mais as amigas que euzinha. Não adianta. É muito amor envolvido aqui nos Neri.

Tive que passar 5 dias sem minha mãe. Todas as reclamações dela sobre dinheiro, sobre horario, sobre bagunça, sobre cama, sobre som alto, sobre o-que-vc-ta-fazendo-meu-anjo-assim-nao-da-pra-te-defender me atormentavam em forma de saudade todos esses cinco fucking dias. Hoje, quando ela chegou, parecia que eu tinha passado o ultimo ano todo cega, sem saber que ela tava lá. Meldels, que saudade manhêêê.
Nesses mesmos 5 dias, o filho-duma-boa-mãe do meu irmão novo, pilantra e traidor, simplesmente sumiu. ELE SUMIU. Ser humano babaca, não lembrou de mim, não me telefonou, não me mandou mensagem, não me chamou, não veio me visitar.. eu quero saber quem deu esse direito pra ele, de abandonar a irmã mais velha numa situação como a minha. Ok. Ele vai ter a parcela de vingança dele. Hoje a praga tava em casa e eu tive que demonstrar claramente meu desgosto de ver a cara dele. Mas com certeza na hora de deitar a gente vai fofocar, ouvir uma musiquinha ou ver alguma coisa, eu vou reclamar que ele tá com a tv muita alta, amanhã cedo ele vai vir reclamar que eu passei tempo demais no banheiro e atrasei ele, porque vai ter pouco tempo pro café da manhã, porque eu não presto atenção, porque tem que acabar com o "soneca", que "MÃE, A ANA PASSOU TRINTA MINUTOS NO BANHEIRO, MÃE!!!!!". Por que ele passou cinco dias longe de mim, gente?

Minha irmã é uma bruxa. Puta que pariu (com todo o perdão da expressão porque a mãe também é minha e eu não usei esse palavrão com essa intenção), mas se tem alguém mais pain in the ass que ela esse alguém não existe ou por favor, fica muito, mas muuuito longe demim. Por incrivel e contradizendo todas as leis da física, quando ela não tava reclamando de louça, do Gabriel, do filme, do seriado, da música e da quantidade de tempo que eu passava dormindo, ela foi uma companheira ilustre. Vou dar chocolate pro seu filho que a gnt fica quites.

Olha gente.. prometo que um dia eu mudo. Mas todos esses dias longe da mamãe me deixaram sentimental. Mas sabe qual a boa do dia? a mamãe voltôôô, a mamãe voltôôô, a mamãe voltôôôoo!!!

domingo, 28 de junho de 2015

Isso me dá tique-tique nervoso, tique-tique nervoso...

Às vezes a gente faz umas coisas na vida que tem que agradecer mesmo aos céus por ainda estar viva, intacta e com a dignidade em dia - dependendo do seu conceito de ter dignidade, obviamente. Porque olha... Se tem um ser que vive fazendo cagada esse ser sou eu.

Um dia eu aceitei ir num blind date (tô usando a expressão em inglês pra soar mais cult, mas na real é só um encontro em que nenhuma das parte se conhecia pessoalmente mesmo, no big deal). Aceitei porque a vida nem sempre toma o rumo que a gente quer e afinal das contas, se eu não tivesse ido, não teria esse material sucesso que vou apresentar pra vocês - além de alguns conselhos que eu deveria ter ouvido de alguém. Vou narrar a situação com todos os detalhes possíveis sem denegrir imagem de ninguém - ou tentando não denegrir né, melhor não prometer nada que eu não possa eventualmente cumprir à risca.

Pulando o pré, porque não cabe aqui culpar ninguém, aceitei encontrar um amigo do amigo de uma amiga. A gente já tinha conversado um tempo por whatsapp e ai marcamos. Eu tava muito crente de que não ia ser legal, tanto que almocei no meu irmão que mora lá do outro lado de São Paulo, depois fui no Parque Vila Lobos - pra nada, porque fiquei uma hora lá só - e então, finalmente, limpei o shorts sujo de terra e fui - pra que que eu fui, Deus - e assim se seguiu o fim de tarde. Legenda: o que estiver em itálico faz parte dos meus diálogos internos.

- Oi, como vc tá vestido mesmo? Assim fica mais fácil..
- Adivinha!
Ele tá MESMO mandando eu adivinhar e não vai me falar? Puta, num é possível isso, já começou cagando tudo..

Round 1
- Ah, e aí.. td bom?
Boné.. ele não tinha foto careca.. ok, ele é careca... ta... nem importa se ele é careca, deixa o cara ser careca Ana...
- E aí, como ce ta?
- Nossa, desculpa a demora, eu tava lá do outro lado de SP, custou um pouco pra chegar aqui, é complicado de fds, sabe como é...
- Eu entendo, td bem, assunto-que-eu-não-lembro-porque-me-perdi-em-pensamentos-porqueeee...

PERA, QUÊ? PQ O OMBRO DELE TÁ SUBINDO NA ALTURA DO QUEIXO? MEU DEUS DO CÉU, ELE TEM TIQUE! TADINHO! NÃO RI ANA, NÃO RI! SEGURA! PARA! VAI FAZER XIXI E JOGA AGUA NA CARA PRA NÃO RIR! PRESTA ATENÇÃO NO QUE ELE TA DIZENDO, ESQUECE O OMBRO!
- Xis, vou ao banheiro um segundinho, já volto.

Ana, relaxa, respira fundo, não vai rir porque isso não é motivo de graça pra ninguém. Entende o cara. Deve ta nervoso.. Deixa disso, volta lá e seja adulta!


Round 2

Conversa rolando, cara pegou um palito de dente, o que só piorou a situação dele.
Tá, a conversa não tá legal, cara não tá desenvolvendo um assunto legal, ele não para de dar xilique e você não tá mais aguentando segurar a risada.. tenta dar um jeito de ir embora!
Liguei pra uma amiga e fingi que algo tinha acontecido.. Aí anunciei que eu tinha que ir:

- Então Xis, preciso ir embora. Aconteceu um problema com uma amiga e vou passar na casa dela antes de ir pra minha
- Você já vai embora? Mas não faz nem uma hora!
- Eu sei, desculpa, mas preciso ir...
- Não não, você só sai daqui morta!

AH, fios do meu coração.. Isso ai num dá, né?

Cabô a noite, dei meus pulos e fui embora.


Algumas lições que todos nós podemos aprender com o ocorrido:

Lição 1: cara, não peguem palito de dente no meio de uma crise de tique nervoso, isso só piora a sua situação e a do outro, porque é difícil demais segurar risada.
Lição 2: não deixa o cara pagar a conta (nunca ou quase nunca, depende da situação), porque depois ele vai te mandar um whatsapp dizendo que você deve 20 reais pra ele (não to zuando não, migas).
Lição 3: não manda mensagem pras suas amigas de forma muito dramática senão elas podem chamar a polícia.
Lição 4: usa o skype, facetime, videocall, QUALQUER COISA antes de sair com alguém que você não conhece pessoalmente...

Lições extras:

a) Não peguem carona com estranhos - i mean it, é sério, de verdade!
b) Não passa seu endereço pra gente que você não confia pelo menos um pouquinhozinho!
c) Marque encontros com pessoas que vc não conhece bem em lugares MUITO públicos!

Hipocrisias a parte, porque meus melhores amigos sabem que eu já fiz coisas piores depois/antes/recorrentes e atuais, é normal que cagadas aconteçam, quando não tem cagada a vida fica mais sem graça. A gente aprende uma hora, do jeito bom ou do jeito ruim o que deve ou não fazer. O que importa é que aprendi bem e da última vez que aceitei pegar carona com alguém foi sucesso e fui muito bem respeitada (beijo, seulindo).

PS: Espero que o Xis nunca leia isso na vida dele.

PS2: Se você ler isso Xis, desculpa, tô mantendo sua identidade anonima, poderia ter sido pior.

E essa foi mais uma edição do 'Aprenda o que não fazer com Ana Neri'. Um dia eu boto o resto aqui, quando eu tiver menos vergonha na cara.

A Magia do TI

Situação 1:

"Aonde esse e-mail foi parar? Eu acabei de enviar! Eu juro que não apaguei nada da caixa de enviados, crêdeuspai, cadê isso? Duende, devolve meu e-mail, por favor, eu preciso muito desse e-mail! Não queria chamar os meninos, vou parecer uma burra que não sabe achar um e-mail..Pqp, chega, desisto...
- Thi, eu to tentando cancelar o envio de um e-mail, mas oh, não tá nessa caixa, nem ness...... EU JURO que não tava aqui, mas eu JURO mesmo, eu acabei de olhar isso, cara, não é possível. Obrigada por nada...

Situação 2:


"Exceeeeeel, por favor, funciona! Não posso perder isso... Que aconteceu com você? O que que eu te fiz? Por que você não pode só abrir essa planilha maldida? Nem tá pesada, tá de boa! Abre por favor, por favor, por favor...Tá. Cê q sabe.

- Pedro, meu excel nao abreeeeeee :'(
- To indo ai mulher...
Pedro chegou, olhou pro monitor e pegou no mouse.. E o que aconteceu? TUDO q não queria acontecer enquanto eu tava olhando pra ele e pegando no mouse. Juro que ele não fez nada!

Situação 3:


"Oi Fabiano, aqui é a Aninha, to aqui na sala Moema tentando projetar mas num tá indo. Não sei.. Já tentei sim.. Já fiz sim.. Já sim... Tá, brigada"

Fabiano chega, e faz EXATAMENTE o que eu já tinha feito, e adivinha? Com ele dá certo.


Situação 4:



"Igor, não tá imprimindo sascoisa aqui... Tentei todas as impressoras, mostra meu nome mas quando eu autorizo a impressão num vai. Tentei sim. Sim, eu já chequei se tem papel, se tem tinta, se dei ok, se mandei imprimir, se tá pb ou se foi pra color... Olhei.. tá, brigada".

MAS COMO isso? O que você fez? Por que imprimiu agora? Sem or. Num é possível meldels. "Brigada de novo, Igor"...

Vem cá, gente. O que é que ceis fazem quando ceis ficam na frente do computador? Me ensina, por favor...

domingo, 17 de maio de 2015

Comparações

Quando se tem muitos irmãos, as comparações são sempre inevitáveis. Até porque sempre vai ter um mais inteligente que você, mais bem relacionados que você, mais obedientes que você, mais comportado e consciencioso que você... 

Na minha vida funcionou pretty much like this:
- Sua irmã estudou música e toca super bem, se você quer, tem que fazer a mesma coisa.. Aí, dá-lhe estudar enlouquecidamente tudo o que eu podia pelo menor tempo possível pra mostrar pra todo mundo que eu era melhor e que tinha capacidade de tocar muito mais rápido. Primeira "vitória": entrei no conservatório mais renomado da América Latina.
- Depois veio a história de que "sua irmã fala outra língua, e você, tá estudando, tá treinando, tá se dedicando"? Dá-lhe comprar livros, CDs e o caramba a quatro e estudar sozinha pra tirar isso da frente. Pronto, super autodidata, tem inglês avançado, se vira super bem e já começou a estudar outras duas línguas, por falta de uma. 
- A situação piora quando você tá fazendo vestibular e fica sabendo que sua irmã tirou a nota mais alta do ENEM em mil novecentos e bolinhas em todo o estado do Amazonas.. Como funcionou o diálogo interno: "como é que eu vou superar isso mano? Ela competiu com dez pessoas e eu tô em São Paulo, competindo com um monte de gente dos melhores colegios e escolas da região.. Ai, que saber, foda-se. Eu só vou fazer isso aqui, tentar uma nota boa nos vestibulares que eu quero e torcer pra conseguir uma bolsa em alguma delas". Bolsa integral, último semestre de RP. Primeira formada de verdade na família.
- Na faculdade param as comparações com irmãos e começam as comparações com seus colegas: "essa vaga de estágio aqui é boa, mas todo mundo da sala se candidatou... no que será que eu sou melhor que eles? Putz, essa menina tá numa empresa boa, será que ela vai se efetivar antes de mim? Meu, como é que eu vou provar pra minha chefe que eu sou melhor que ele e por isso a vaga efetiva tem que ser minha e não dele?". Efetivada, multinacional, reconhecimento e uma vida profissional bem feliz e satisfatória, principalmente pra alguém que só tem 22 anos.
- Aí você conhece alguém legal: "gente, se eu rir desse jeito ele não vai gostar de mim porque eu não sou contida o suficiente.. será que a ex era melhor? se eu falar desse jeito pode ser que ele me ache mais legal que as outras.. se eu falar menos eu vou parecer menos chata que as outras.. se eu fingir que não me importo vou parecer mais interessante que as outras..." (deixemos isso em aberto por hora)...

Não dá pra culpar só a família por isso. Quem não faz comparações, não é mesmo? Hipocrisia seria dizer que conseguimos aceitar qualquer pessoa com os defeitos e características de fábrica: "tenho que achar alguém que faça engenharia ou administração, porque não posso ter alguém sem um futuro certo, também não pode votar no PT senão meu pai não vai gostar, nem pode usar crocs porque meu irmão vai zuar, ou escutar pagode senão meus amigos me batem.. Mas mesmo, sério, sem brincadeira, ele tem mesmo que ter a risada do ciclano!" 
É uma grande ilusão dizer que um dia você vai achar alguém que seja feito sob medida pra você, com todos os atributos certinhos que você estabeleceu baseado em inúmeras comparações que seus ciclos sociais já levantaram, e até porque ser humano não é uma Harley Davidson que você personaliza. A bagaça já vem personalizada...

Cheguei a conclusão que definir minha vida baseada em comparações sempre foi, na verdade, muito cansativo. Isso me tira o sono porque cansa querer provar que eu consigo, cansa querer provar que eu também posso e cansa querer provar que eu mereço viver a minha vida do jeito que eu acho que tenho que viver a minha vida, com meus próprios objetivos. Não é por atenção, não é por aceitação... Não é e nunca vai ser. Comparações são destrutivas e a vida não precisa ser pautada nelas. Sentimentos ruins são parecidos com aquele feijãozinho que você planta no algodão e que você só dá importância quando o potinho de danoninho já não comporta o feijãozinho que se desenvolveu significativamente.

Quando percebi que minha vida era mais do que só conquistar as mesmas coisas que me eram impostas por meio de comparações, tudo mudou. Meus relacionamentos familiares mudaram. A vida fez mais sentido. O que eu quero e gosto, ficou mais claro.
Deixa só pra comparar os restaurantes, os bares e os batons novos, vai Ana...


sábado, 21 de março de 2015

Mãe, fiz uma tatuagem.

Nós nascemos com características do nosso pai, da nossa mãe, dos avós e até de desejos não realizados enquanto mamãe tava grávida (é o que dizem, quem sou eu pra questionar). Nada disso foi escolhido ou planejado baseado em nossas opiniões. Do jeito que nasceu, nasceu. Conviva com isso até ter como mudar por meios alternativos.

Dito isso, você acorda um dia e decide que quer uma tatuagem. Por que você quer fazer uma tatuagem, Ana Paula? Porque tem gente que enfeita a janela com vazinhos de flores, tem gente que enfeita a sala com quadros, outras pessoas enfeitam o quarto com pôster, uns enfeitam a mesa com porta retrato.. E eu escolhi enfeitar a casca que eu uso todo dia com desenhos que me representarão (ou não), que expressarão minhas características (ou não), meus lemas de vida (ou não), meus amores e desamores (ou não também)... Escolhi deixar marcado na pele através de desenhos tudo que mais importa, importou e vai importar pra mim - ou não também, porque tenho certeza que a probabilidade de eu tatuar só porque é cute é bem grande. É sensacional poder criar uma característica que te torne um pouco mais do que você é e quer ser. É uma parte de você que você escolheu.

Toda aquela balela de "você vai querer mais e nunca mais vai parar de se desenhar" é verdade. E isso me deixa feliz pra burro! E sabe aquela história de "você vai enjoar e se arrepender"? Pura balela de gente invejosa que não tem coragem de fazer uma tatuagem.

Um viva à nossa capacidade de metamorfose, auto conhecimento e vontade de mostrar nossa verdadeira identidade, não importa como façamos isso. E um viva à minha primeira tatuagem ❤