segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Meu Dezembro

Ia intitular esse post de "inferno astral", mas como eu não acredito nessas coisas resolvi reinventar isso ai.

Aqui vão algumas coisas que eu tô precisando verbalizar pra amenizar a bad nostálgica com uma pitada de frustração que me pegaram hoje:

- Eu abri minha gaveta e achei uma carta (eu era dessas) que eu fiz pra mim mesma há quase 6 anos. De todas as minhas projeções que estavam lá, só uma deu certíssimo: o curso da faculdade. Nem melhores amigos, hobbies.. nada resistiu. Me desfiz do último hobby que poderia ter sobrevivido aos últimos 10 anos: o teclado. E hoje em dia meu melhor amigo da época é mais um conhecido que um amigo. Graças a Deus me conheço mais hoje que naquela época...

- Tem um vídeo que meu pai fez, no meu aniversário de 6 anos: morávamos em Manaus e eu estava conhecendo o filhinho recém nascido de uma amiga da minha mãe. E no vídeo eu falo que quero ter 40 filhos (Deus do céu) e casar com 18 anos (criança não sabe de nada mesmo). Nunca namorei e  planejo adotar uma criança. Como é que alguém casa com 18 anos, gente? Ainda bem que a gente cresce..

- Sempre fui muito precoce pra minha idade (ouvi isso tantas vezes da minha mãe que perdi as contas). Mas vou quebrar uns tabus: eu fui a primeira vez na balada aos 19 anos. Isso, 19. Você leu certo. Foi em uma viagem pro litoral. Não amei a balada, apesar de achar que eu ia me enfiar nessa pra nunca mais sair. Diferente da maioria das pessoas da minha idade, meu pique pra isso diminui a cada rolê que eu faço porque o que meu corpo já não aguentava antes, aguenta menos ainda hoje em dia. Nunca virei uma madrugada e fui trabalhar direto. Pra aumentar ainda teu espanto: nunca fui numa cervejada - sim, você leu isso mesmo.

- Eu não sei manter amizades a longo prazo. Eu tenho uns pouquissimos amigos que resistiram ao tempo, mas é porque eles me conhecem genuinamente e entendem de bom grado e coração aberto esse meu defeito. Sair com muita frequência, fazer declarações all the time e compartilhar cada detalhe da minha vida com os outros é difícil a longo prazo. Eu sou volátil (será que seria isso mesmo?) quando se trata de manter as pessoas no meu ciclo social diário. Toda vez que eu te disser "te amo pra sempre", não quer dizer que vou dormir na tua casa todo fds pra sempre ou planejar encontros corriqueiros pra sempre. Dá pra amar de longe. E não, eu não me orgulho disso. Só queria tentar me redimir pra algumas pessoas e queria que elas entendessem esse meu defeito de fábrica. Além de que é hard pra burro manter um assunto com amigo das antigas quando não se tem uma certa intimidade. Entendam: pra amar não precisa estar perto. Não me julguem, não é falta de carinho e eu sinto muito por essas e outras mancadas que dou diariamente...

- Como me tirar a paciência: "você não pode viajar com a gente porque é um rolê de casal". Juro que toda vez que eu ouço isso, parece que não, mas me dá preguiça de viver perto de vocês. Pronto, falei, to cagando pra vocês quando me vêm com essa e to cagando mais ainda pra esses rolês "só de casais" - mas ainda continuo amando todos =*

- Pessoas mais velhas não compreendem o quão indiferente é pra mim qualquer tipo de crise que elas tenham em relação ao "envelhecimento". Quanto menos eu me importo com isso melhor vou vivendo a vida. Fica a dica. Não me importo e provavelmente pouco vou me importar, seja com 25, 30, 40... Então sim, toda vez que você vier com "mas eu ja to com mimimimimi.." eu vou continuar virando os olhos e mandando você crescer.

- Ficar repetindo "vc só sabe fazer o básico na cozinha" não vai fazer com que eu me inscreva num curso de culinária avançada. Minha vó gosta do meu café e meu pai ama meu arroz, pronto, tá ótimo. Vou começar a me preocupar com isso quando tiver que morar sozinha, por hora, i really dont care e toda vez que alguém joga isso na minha cara como uma "lição de moral", entra por um ouvido e sai por outro. De verdade.

- Tinha medo de como seria/será minha vida profissional. Me disseram que meu trabalho, nessa fase da vida - recém formada - não seria nada do que eu planejava. Maior mentira. Amo pra caralho essa parte da minha vida (mesmo não sabendo se isso durará por muito tempo) e queria dizer que dá pra você amar seu trabalho aos 23 anos. Não me encontrei 100%, mas por hora é mais do que eu poderia pedir.

 - Uma das ultimas coisas que eu ouvi de alguém foi que eu sou  totally fucked up (sim, isso mesmo) quando o assunto é sobre como eu me viro com pessoas que eu tenho interesse. Tô procurando ainda um argumento pra desmistificar isso, mas ele ainda não existe. Reconhecer é o primeiro passo, né?

Nessas semanas que antecedem meu aniversário - chamada de Inferno Astral ou whatever - a unica coisa que eu consegui perceber é que a gente tenta muito se encaixar no perfil que é 'o certo'. Só que fica difícil quando você é um triângulo e o perfil desejado é um quadrado. Você tenta se equilibrar pra fazer as pessoas que convivem com você mais felizes, mas chega uma hora que não dá mais e a gente cai fora do quadrado desenhado. A pergunta que eu tô tentando responder é: vale a pena se equilibrar?


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