segunda-feira, 30 de abril de 2018

A crise da crise

Achei meu primeiro fio de cabelo branco.
Sim, achei.
Agora, com 25 - oficialmente.
Fui no banheiro do escritório, arranquei, virei pro meu chefe: É isso mesmo? É um cabelo branco? 
- Sim, parabéns, seu primeiro cabelo branco.
Era oficial e agora até meu chefe sabia.

Eu ainda sou jovem. Ainda rola uns jeans skinny, ainda passo alguns domingos na cama lamentando aquela tequila - a quarta, no caso - que tomei na noite anterior, comendo porcaria - ou botando elas pra fora.
Mas já vou embora mais cedo da balada. Como bem, senão fico mal humorada. Durmo cedo, pra não ficar um cocôzinho o resto do dia. Ou seja: eu já tô ficando velha, também.

O que se passou de primeiras vezes durante esses 25 anos?
- Beijei - e odiei da primeira vez, comecei e terminei a faculdade, comecei a trabalhar, fui morar em outro estado - sozinha -, tomei uns foras, quebrei uns corações, fiquei loira, morena, de cabelo comprido -, virei tia, comprei meu primeiro cigarro, dormi de conchinha, varei noite na balada, vomitei as tripas, gargalhei até chorar, briguei com várias pessoas, dei mancadas, aturei mancadas, amei, odiei, chorei...

Primeiras vezes são legais. In fact, a frase "qual foi a última vez que você fez algo pela primeira vez", ressoa inúmeras vezes na minha cabeça. Mas já fez algo pela segunda vez, que foi muito melhor que a primeira vez (eu sei que siiiim)? Então. 

Minha jornada até aqui foi muito significativa - e satisfatória. Mas eu me sinto muito em dívida comigo mesma em muitos aspectos. E eu acho que tudo bem, também. Porque tá tudo bem não estar tudo bem, às vezes. Tá tudo bem, mesmo. .



Tava pensando em muita coisa nessas últimas semanas. Talvez porque eu vou fazer algo pela primeira vez depois de muito tempo. Como, por exemplo:
- eu tenho mesmo que continuar amiga de gente que cresceu comigo mas que é um tremendo bocó nowadays?
Spoiler: NÃO!
Um quarto da minha vida se foi. Eu tenho contas pra pagar. Tenho gente - obrigatória por hora - pra aturar. Casamento pra ir. Sabe aqueles migos que largam os outros quando começam a namorar? Não deixa eles no primeiro time, substitui. Deixa no banco reserva. 
Valoriza quem toma chopp com você terça a noite depois de um dia de merda. Quem te dá um abracinho do nada quando você tá no auge da TPM querendo chorar. Quem te chama durante o dia e faz o símbolo de coraçãozinho só pra ver você rir. Esses aí tem que ser escalado logo de cara. 
Vamos criar umas memórias - com gente que merece essas memórias. E começa eliminando da lista (eliminar talvez seja too much, mas bota lá no fim da fila) todo mundo que te procura só quando precisa de ajuda (de ajudinha a ajudinha tu vai se tornando o ser que SÓ serve pra isso mesmo viu).

E tô indo lá, fazer várias coisas pela primeira vez - oi, CHILE - dar fim à várias outras coisas que não deveriam ter passado da primeira vez, resolver minha vida financeira, comprar um ouriço, alugar meu apê de novo, jogar um monte de coisa fora, emagrecer mais 8kgs....


Oi, sumida

- Oi sumida!
- Oi rs
- Tudo bem?
- Sim... você?
- Também! E aí, o que tá fazendo?

Block.

- E ai, sumida!
- Olá
- como vc vai? me esqueceu?
- eu vou indo bem.
- não quer saber como eu tô?
- não.

Block.

- E ai!
- Oi
- Vi sua foto e não resisti

Block.

- Oi sumida rsrs
duas horas depois: - Oi
- Quer beber uma cerveja?
- Não
- Você nunca quer
- Que bom que você percebeu.

Block.

- Oi sumida
- tu nem disfarça rs
- Gostei da foto

Block.

- Oi sumido
- e ai
- Como tá?

Block.

Tudo que vai, volta.


segunda-feira, 22 de maio de 2017

A impermanência da vida

Quinta-feira passada eu sentei na mesa de um bar, com uma das pessoas que me conhece há mais tempo do que posso contar. Nessa mesa de bar, trocamos goles de cerveja, beliscos em uma batata frita com queijo e todas as coisas que aconteceram naquela última semana que ficamos sem nos falar muito, mais por amenidades do que por qualquer questão mais significativa.

O assunto principal girou em torno da impermanência da vida - nossa Ana, usa um termos mais comuns, como "não duradoura", "breve", inconstante... - Meus amigos, vai por mim, nada descreve melhor esse momento como a expressão impermanência.

Tudo que a gente conhece vai embora, mais cedo ou mais tarde.

Nossos empregos vão, nossos amigos vão, nossas casas vão, nossa família vai, nossos amores vão.. Podem não ir hoje, mas eles vão, sooner or later. E não vão porque querem, eles vão porque é assim que a vida é. Nós também vamos. Talvez não hoje, ou nem amanhã. Pode ser semana que vem. Pode ser daqui 15 anos. Mas nenhum de nós escapa das perdas ou das partidas.

Hoje perdi hora pra ir pro escritório. Percebi que o secador de cabelo não quer esquentar. Vi que tinha que ter feito a barra de uma calça que eu tive preguiça de levar no final de semana. Recebi uma mensagem nesse meio tempo de uma pessoa que não vejo há 5 anos, me perguntando se eu sabia o que tinha acontecido. Acontecido o quê, gente? Voltei pro e-mail, respondi mil coisas, fechei mais um projeto que tava demorando anos, fiz mais umas três, quatro ligações, mandei outros dez mil whatsapps, corporativos, pessoais, impessoais, sem sentido nenhum. Me estressei com meu sobrinho porque queria brincar e eu não podia. Fiquei mais uma vez irritada porque tinha perdido a hora. Por que eu sempre acho que a vida acontece do lado de dentro da catraca e não do lado de fora da catraca?

Nossa vida é muito além do que somos programados pra fazer todos os dias da semana. 



Ano passado perdi uma pessoa que foi alguém bem importante em um momento cheio de mudanças e outros aprendizados da minha vida. Perdi. Foi uma das situações mais claras de impermanência que vivenciei nos últimos 10 anos. Dois meses depois de uma volta que demos do Flamengo à Lapa, descobri que nunca mais conseguiria dar esse passeio com ele. E eu não consegui me despedir. E ele se foi, do jeito que uma nuvem carregada de chuva vai... Rápido, sereno, num piscar de olhos...

Hoje, se foi outro. Outra pessoa que eu conheci há 6 anos. Conheci há 6 e coincidentemente voltava na companhia dele nos meus últimos semestres de faculdade. Ele, que tentou marcar N outras coisas comigo depois disso e eu nunca tinha tempo ou sempre tinha alguém pra colocar na frente, mesmo sem intenção nenhuma. Ele, que conheceu mais países no último ano do que pude contar. Que foi pra mais festas do que fui minha vida toda. E que ria mais que eu em todas as fotos que publicava... Hoje o Leo se foi. Ele deixou a gente aqui e eu não vou conseguir mudar isso, você não vai, a mãe dele não vai... 

A vida é mais do que os e-mails que eu não respondi. Mais do que as ligações que eu não fiz. A vida é o convite que eu não aceitei, o abraço que eu não dei, o beijo que eu não retribui, a risada que eu contive, o aperto de mão tímido. A vida é a mesa de bar numa quinta a noite, é um sorvete de casquinha numa segunda de manhã, é a poça da lama numa segunda chuvosa. A vida não é o que a gente procura e não acha. A vida é o que tá debaixo do nosso nariz e a gente destrata. A vida é o onibus que você não pegou, o avião que foi, a lágrima na bochecha. A vida é quem você vê todo dia, quem você só vê no fds e que você só vê uma vez no mês. A vida tá aqui. E ela não ta aqui pra sempre. O Leo não tá aqui pra sempre. Você não vai ficar aqui pra sempre.

A vida é o eu te amo, o parabéns, o vamos juntos, o fica comigo, o abraço apertado, o aperto de mão, os três beijinhos na bochecha, o filme que vê junto, a cerveja que une, a risada escandalosa que dá sentido ao dia... 

Vai em paz, Leo.
x

terça-feira, 7 de março de 2017

Dá uma mãozinha aqui?

Durante todo o caminho do trabalho pra casa pedi que agora, 22h, estivesse caindo aquela chuvinha enquanto eu tento desafogar dez mil pensamentos nesse texto atrasaaaado que só. Mas não tá chovendo. That's life. Vamos lá.

A gente pede. Pede muito. Mas pede mais que deveria. Pede dia e noite, noite e dia. Cada um pede pro que acredita: pede pra Deus, pro universo, pra mãe natureza, pra qualquer coisa - ou qualquer ser que você queira - pra dar uma mãozinha em algo que seja, aparentemente, muito muito importante pra gente. E seguimos pedindo sempre que vemos à nossa frente algo que não julgamos humanamente possível resolver sozinhos. Tolos.



Eu tenho uma dificuldade enorme em pedir. Aqui sempre rola uns diálogos internos, mais ou menos assim:
"- Po, queria tanto, mas taaaaaanto isso aqui, Deus!
- Não Ana, é ridículo você pedir isso, tem tanta gente pedindo coisa melhor, que esse seu pedidinho michuruco aqui vai lá pro fim da fila, fia.
- Mas pera, não vamos diminuir a importância disso aqui só porque tem muitos outros pedidos importantes...
- Mas cê podia pedir outra coisa, é perda de "pedido", guarda pra outra coisa mais importante!
- Deus, me ajuda, não quero pedir mas quero pedir, como cê tá me ouvindo aí mesmo que seja um diálogo interno, não precisa dar uma mão inteirinha não, da só um dedinho!
- Agora pronto, Deus tá olhando lá pra mim e achando a maior tonta por ter perdido tempo pedindo isso...
- Pediu, pediu. Mas juro que não vou mais pedir sascoisa.. 
Dois dias depois...
- Deus, cê tá aí?"

O ponto é: a vida é bem como um jogo de videogame mesmo. Mas não é tipo Mário que a gente joga até o fim e, quando acaba, pode jogar de novo. Cabo, cabo. E meu jogo não é o mesmo jogo que o seu. E usando a analogia mais clichê do mundo: a cada fase conquistada, mais difícil fica e mais medo a gente tem. Tem medo, sim. 

Medo danado que tira até o sono, muitas vezes. E tirar sono é uma puta duma sacanagem, vou te contar. Virar pra lá, pra cá, travesseiro parecendo que é feito de pedra, não aconchega a nossa cabeça, não tem abraço e afago pros cabelos e mente cansada. Rola pra lá e pra cá. Cobre, descobre. Relembra tudo que fez e acha que foi errado, que fez e acha que foi certo, mas que no fim não parece tão certo e o errado, que na verdade nem é assim tão errado. 

Mas vem cá... pedir alivia, né? Tira um pouco do peso no peito, eu sei. 
Só que tô aprendendo a pedir "certo", agora. Pedir quando eu tenho que pedir, não pedir por preguiça de agir.
Não é mais: "eu quero isso aqui". É:
"vamos aprender a como conseguir isso aqui que eu quero, porque nada nessa vida cai do céu, mas só me ajuda a não cagar no pau de novo mais pra frente, por favorrrrrrr" (afinal, o problema não está em pedir, está entre o pedido e o resultado que, vai por mim, tem muito que tá sob nosso controle). 

Não prometo que você vai dormir mais rápido,
ou que vai rolar menos na cama, ou que o travesseiro vai ser tipo de algodão egípcio de tão softy que vai ser. 
Pode não ser assim tão fácil. Mas mudar o mindset é o primeiro passo.

Vai na minha que cê passa de ano. 




sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Crises.

Achei que só existia a "Crise dos 30". Mas tô vendo que existe a dos 24. Provavelmente, 25. 26... Bom, as outras eu ainda não sei, mas a dos 24 existe sim, gente. Vai por mim. Existe.

Me identifiquei completamente quando soube que a Vastag tem a mesma mania de escrever, apagar, escrever, apagar... Ufa. Tá aceito que eu faça também. Sem julgamentos. Sem pressão. Vamos começar tudo, de novo, outra vez.

Hoje eu acordei angustiada. Não, acho que medo é o sentimento certo. Acordei lembrando que faltam 6 dias para completar meus 24 anos. É isso mesmo. 24. Eu, completando 24, já. Assim. Num piscar de olhos. Como se eu tivesse acordado com 18 e levantado com 24. Onde foram parar os outros anos, mesmo? Acho que eu vou repetir "24" por muito tempo. Meu Deus. 24.


Eu tenho uma teoria maluca (e certa, porque todo mundo que entende, concorda - apesar de que nem muitos entendem tão fácil), de que a partir de 30 de setembro eu começo meus 25 anos. Porque veja bem, a gente "completa" a idade, quer dizer que um dia depois do nível concluído, a gente começa no nível novo, certo? Nível novo = idade nova. Bom. Ceis entenderam. Enfim,

E a pergunta que ficou martelando desde que resolvi dividir essa angústia num grupo de amigas que me conhecem há muito tempo, foi: pra onde minhas expectativas sobre eu mesma estão caminhando?

Eu sempre fui adepta à teoria de que expectativas são frutos de nossos desejos e vontades pessoais. Não existe interferência de terceiros. A expectativa é criada por mim. Seja a expectativa referente a mim ou referente a outro. Mas ela é fruto de particularidades minhas. O outro não interfere nisso nem que ele queira. É impossível. Se alguém tem uma expectativa quanto a mim e eu concordo com aquilo, é porque minhas convicções pessoais (vou contar que todas as vezes q eu apaguei e escrevi 'convicções' eu escrevi: conviccções - é mais forte que eu) compactuam com aquilo. Eu deposito em mim ou em qualquer outro ser humano, expectativas que dizem respeito especificamente a mim. Seja por vontade, desejo, ideal...

Mas aí, quando eu olho pras expectativas que eu tenho de mim mesmas, eu me sinto no caminho errado. Eu sempre - sempre - vejo a grama do vizinho mais verde que a minha. Sempre. Carrego a impressão de que sou a única maluca descoordenada num mundo repleto de pessoas perfeitamente racionais e completas. Como se só eu tivesse um tumulto morando em mim, mas os outros, aqueles ali que eu olho de relance, são calmos e perfeitamente resolvidos com eles mesmos.

E então, tive a experiência de viver sozinha. Me conhecer. Me entender. E eu percebi que o coletivo, aquele lá "normal e calmo", na verdade é uma completa confusão. Que o tumulto interno, na verdade é universal.

E então, passei a me permitir viver, me jogar, ir, voltar e fazer o que me desse na telha.

Então, o que eu desejo pra mim, quando começar meus 25 anos?

Quero viver.
Quero experimentar tudo o que eu não experimentei ainda.
Quero sentir.
Quero tirar os "nãos" que me prendem.
Quero chorar.
Quero amar.
Quero desapegar.
Quero apegar.
Quero encontros.
Quero desencontros.
Quero mais Ana e menos mundo.
Quero continuar sendo honesta sobre quem sou.
Quero continuar mostrando quem eu sou, no meio de todo mundo.
E quero gostar de tudo isso.

Te amei, 24.
Vem, 25. 

sábado, 30 de abril de 2016

A head full of mess

Tem milhões de coisas pra fazer e nenhuma vontade de fazê-las. Alguma quantidade considerável (mesmo mínima perto da outra rotina), mas nenhuma vontade de sair da cama. Várias coisas pra estudar, mas nenhuma vontade de pensar. Tinha a maior habilidade do universo de aumentar seu ciclo social, não importava a situação, mas hoje, não lembra nem como começar uma conversa com um estranho. Ver filme de terror já não dá mais medo, porque o medo agora já tinha tomado proporções e se transferido pra outras coisas mais palpáveis.

Qualquer um que vê, não tem ideia de 10% do que realmente se passa. Sorriso sempre na cara, piada sempre saindo nos momentos mais propícios, postura totalmente relaxada. Mas a cabeça tá sempre tentando reorganizar as coisas, encaixar peças e clarear a escuridão de dentro. E isso é exaustivo. Toda vez que tenta seguir conselhos, tudo parece mais sem sentido ainda e eles só vão entrando por um ouvido e saindo pelo outro, quase sempre com olhos marejados de lágrimas. 



Mas por que isso? Tudo estava tão bem planejado no começo. Tudo o que queria botar em prática, tudo o que pretendia arrumar, todas as mudanças que viriam pra melhorar a vida.. Agora tudo só parece um filme passando numa grande TV.  Acho que dá até pra comparar com o sentimento de luto porque é difícil se afastar de quem sempre foi tão presente e importante nas nossas transformações pessoais e conquistas diárias. Ou até mesmo de quem só divide um copo de cerveja com a gente despretensiosamente, porque o velho é confortável e aconchegante, e pessoas que não te conhecem de verdade nunca vão conseguir te fazer sentir em casa.

Queria só descansar minha cabeça no colo de alguém quando eu tiver pra baixo. Mas aqui só tem meu travesseiro. Sem mãe, sem pai, sem melhores amigos. E qualquer pessoa que aparece, causa uma confusão absurda: só é uma projeção de afeição por falta de opção ou porque essa pessoa merece mesmo? Será sazonal e conveniente, ou é sincero? Nunca dá pra saber... Além disso, a solidão é um bicho-papão que mora escondido embaixo de uma cama dentro nosso coração. Você pode ter uma quantidade significativa de pessoas com você, mas o que tá dento da gente, às vezes, dá um pavorzinho quando  a luz apaga e as pessoas vão embora.

terça-feira, 15 de março de 2016

E por falar em saudade...

Desde mais nova todo mundo que cresceu comigo, principalmente minha família, tinha certeza que cedo ou tarde eu seguiria minha vida fora de casa porque eles dizem que tenho "um espírito aventureiro" e super independente. Eu também achava isso.

Há quase 2 meses eu me mudei pro Rio de Janeiro - sozinha - pra trabalhar por um tempo. Eu já tinha comentado com algumas pessoas que viria fácil pra cá e eu até estava me candidatando pra algumas vagas.. E tem uma música bacana que diz: "be careful with what you wish for 'cause you just might get it". Bom, é verdade.

No começo eu fiquei empolgadoooona... Morar sozinha, aprender a me virar no Rio, dar a cara pra bater em vários sentidos... Até que a ficha foi caindo. Primeiro porque eu tive 2 dias pra me despedir de todos os meus amigos e minha família.
Aí eu entrei no avião, e enquanto ele ia subindo, eu via meu coração ficando...


Eu procuro sempre não falar com as pessoas por telefone ou áudio. Não consegui ainda ligar pro Gabs e dizer que a Iaquinha dele tá com saudade. Também não falei com meu pai. Liguei pra minha mãe só duas vezes. Uma só pro Eric, pra ver se ele estava bem. Nenhuma pros outros irmãos...

Nos meus últimos meses de Hay Group, eu raramente ia pra casa cedo. Raramente passava o fds todo dentro de casa... Eu tava sempre saindo, evitando "ficar parada", evitando "perder tempo". Quando a gente tá na nossa zona de conforto a gente não entende nada mesmo, né?

Perdi casamento de amiga, show do Maroon 5, aniversário do irmão... Não vejo mais os jogos com meu pai, quem dirá com o Eric. Não passo mais umas 2h antes de dormir ouvindo música e fofocando sobre tudo com o Junior. Não brinco de luta ou de "consquinha" com o Gabs. Não converso sobre meus medos, inseguranças ou coisas erradas que faço com minha mãe. Não reclamo por ciúmes com meu pai. Não brigo por qualquer coisinha com a Deh...

Sinto falta de marcar encontros em cima da hora com o And, de encontrar Mari, Dani e Ligiao na Paulista, de sentar em frente ao MASP e não dar a mínima pra nada, de ir pra casa da Juba a tarde e falar da vida...

As vezes eu durmo chorando. As vezes eu acordo chorando. As vezes eu tomo banho chorando. 

O que me conforta é saber que tá todo mundo bem. E eu quero que vocês, família, saibam que eu também tô bem. Amor é isso. Saudade, também. Ambos doem, às vezes. Mas uma hora tudo passa...

Dizem que crescer é isso, né? Deixar quem a gente ama "pra trás"...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Culpa dos meus amigos, não minha!

Na facul

- Um dia meus amigos da França (Nicolas e Mike) precisavam ir na Polícia Federal pra regularizar umas paradas, e eu disse que sabia o caminho (maizomenos né), e demoramos umas 3h porque peguei o caminho mais longo. Mas rimos muito, nos divertimos muito e eles falaram que nunca mais me chamavam pra levar pra canto nenhum porque eu era mais perdida que eles;

- Uns amigos meus vieram em casa comer pizza e jogar imagem e ação. No fim, dormiram 18 neguinhos em casa amontoados na sala. De manhã, minha cachorra tava lambendo a boca de um dos meninos pra ver se ele acordava hahahahahaahahahahhaha;

- Fui pra praia com um grupo de amigas (Ju, Bru, Min e Tons), a gente esqueceu um cara no porta malas. Depois disso ele nunca mais falou com a gente, mas demos tanta risada, que eu acho que nunca ri tanto de novo igual eu ri aquele dia. Depois de sair procurando o cara a gente só volto pro apê, comeu mcdonalds e dormiu até cansar. Dois dias depois ele mandou uma mensagem dizendo que tava bem;

- Meu melhor amigo passava a madrugada me ajudando a arrumar meu TCC;





No trabalho

 - Tinha uma galinha pintadinha em frente a uma loja de brinquedos no shopping e me obrigaram a tirar uma foto do lado dela porque eu era menor ¬¬. Depois também me obrigaram a tirar foto com um cara de 2 metros porque eu era "metade do tamanho dele";

- Uma vez colaram milhões de post its na tela do meu computador só pra eu ter que perder tempo de manhã tirando um por um antes de conseguir trabalhar.. temos menos arvores no mundo hoje em dia por culta dos idiotas que fizeram isso;

- Uns dias antes do meu aniversário de 21, eu, Mari e Dani passamos numa loja, provei um vestido maravilhoso mas não levei. Uma semana depois elas me deram o vestido de presente;

- Na festa de final de ano da firrrma, todo mundo bebeu além da conta, mas como a festa começava 12h e terminava 18h, a gente resolveu ir beber em outro canto, totalmente oposto ao que a gente tava, e eu só lembro que uma hora paramos na rua e ficamos cantando???????. Foi loko;

- Na festa da firma do outro ano a gente também bebeu mais do que devia, a Mari voltou pro quarto que a gente tava dividindo - junto do Dudu  e de um BALDE DE CERVEJAS -, deitou e dormiu, coberta de tinta neon. Não acreditei no que vi quando fui acordá-la no dia seguinte;

- Cheguei na Hay e liguei meu computador, mas o mouse não funcionava POR NADA. Tentei tudo que eu podia fazer antes de ir chamar alguem de TI, mas não teve jeito. Quando o Victor chegou, pegou meu mouse e virou ele. Tinha um meme de troll colado no sensor do mouse. Até hoje não sei quem foi o tonto que fez isso...;

- No aniversário de 40 anos da Hay, o escritório tava cheio de bexiga de gás helio. Todo mundo me fazia engolir o gás e dar risada, porque ela ficava pior do que já é. Só sei que eu comecei a ficar grogue de tanto ar que eu suguei aquele dia;

- As vezes a gente saía do trabalho e ia jogar basquete na playland. E as vezes a gente almoçava correndo pra ter tempo de ir jogar TAMBÉM no horário de almoço;

- O Rafa fez uma festa a fantasia e a princípio eu iria de Mônica. No fim eu decidi ir de Smurf e botei um vestido azul (porque esqueci que eles ERAM azuis e USAVAM roupas brancas). Quando cheguei todo mundo disse que eu tava fantasiada de viagra e ficaram me chamando assim por muito tempo;

- Fui pra Mada com a Ju pra beber. Ai acabamos conhecendo uma turma de pessoas que tavam na mesa do lado - vieram puxar papo e jogar um charme - e eu temrinei a noite mandando audio chorando pras minhas amigas porque tava com saudade delas;

Nos bares

- Luis fez aniversário uns dias depois que eu arranquei o dente do siso e eu não podia comer carne. Ele comprou sorvete pra mim ter o que comer no rolê!; 

- Já fiz meu irmão ficar acordado de madrugada esperando eu chegar na casa dele porque eu não podia voltar pra casa. Achei que ia morrer aquele dia;

- Um dia eu tive um encontro bem bosta e mandei uma mensagem desesperada pras minhas amigas, dizendo que eu tava desesperada pra ir embora e não conseguia. Sumi por umas horas. Todas elas acharam que tinha acontecido algo e tavam praticamente chamando a polícia. Levei a maior bronca da minha vida. Mas elas bateram e depois abraçaram;

- Na formatura da Mari, a Dani foi comigo dormir na casa do meu irmão. Antes dele sair e largar a gente lá, ele disse pra enchermos o colchão de ar pra gente dormir na sala juntas. Tentamos por umas duas horas e não conseguimos. Quando ele chegou em casa, estavamos nós duas dividindo o sofá e o colchão murcho no chão;

- O Guilherme parou, também na formatura da Mari, no meio da pista de dança e virou um copo de cerveja inteirinho. Até hoje ninguém sabe porque ele fez isso. Além de que ele pegou uma pessoa esse dia e depois de 2 minutos ele tava dizendo na cara dela: MAS EU NÃO FIQUEI COM ELA (MITO HAHAHAHAHHA);

- Fizemos um churrasco na casa do Rafa. Mathe me desafiou a pular na piscina e eu aceitei. Tirei sutiã, fiquei na beira da piscina e me empurraram pra eu não desistir. Quando eu contei pro Mathe que nao tinha roupa extra ele disse que tinha trazido uma troca e não tinha entendido porque eu tinha aceito o desafio. No fim tive que colocar uma samba calção de patinho amarelo do Rafa porque não tinha mais roupa seca minha;

- No meu aniversário de 22 anos, não sabia o que ia ganhar de presente e todo mundo disse que tinha um lugar pra me levar assim que a gente saísse do trabalho. Ninguém me contou nada o dia todo. Quando entrei no carro e percebi onde a gente tinha parado, vi que era um estúdio de tatuagem. Chorei horrores porque eles tavam pagando de presente a tattoo que eu queria fazer. Foi um dos melhores dias da minha vida;

- A Dani tem uma baixa tolerância pra bebida e um dia a gente resolveu deixar ela comprar uma caipirinha bem na hora que a gente tava saindo. Em resumo, passamos a manhã inteira recebendo fotos da garrafa de água que ela comprou por ultimo "indo pra casa". Tinha foto com portão, com cachorro, com PLACA DE RUA....;

- A gente foi fazer pubcrawl na Mada no aniversário da Dani. Eu ia de botinha porque tava friozinho. No shopping, minutos antes de ir embora, meu salto quebrou e eu fiquei parecendo uma pata enquanto procurava uma loja pra comprar um sapato. Dani e Mari não conseguiam olhar pra mim sem gargalhar e fiquei sendo zuada por uns dias ainda;

- No nosso terceiro Pubcrawl, conhecemos uns alemães e uns canadenses. A Dani deu um tapa na cara (ISSO MSMO) de um cara que ofendeu a Mari e também deu a louca de postar todas as fotos no facebook e documentar até a cara das amigas de "pós beijo". Usamos a hastag #blameCanada até hoje;

- No meu aniversário de 23 anos eu fui tirar uma foto com todo mundo, só que como sou pequena, me mandaram subir na cadeira pra aparecer. Bati a cabeça três vezes no teto por conta disso, e eu ainda não entendi porque eu obedeço as pessoas sem questionar antes!

- A gente fez um churrasco em casa e meus sobrinhos foram brincar de mangueira porque tava muito calor. No fim, tava todo mundo molhando todo mundo;

- Na copa eu e a Mari funcionavamos assim: miga, vai na fé que hoje eu cuido de você porque ontem você cuidou de mim!;

- Na hora da ressaca moral: amiga, acorda, acabei de fazer uma merda e preciso te contar - AS CINCO DA MANHÃ!!;

- Pós feriado prolongado: amiga, não consigo dormir, fica acordada comigo?;



Gente, eu sei que eu sou péssima em sustentar amizades a longo prazo. Essa coisa de sair frequentemente só com as mesmas pessoas, fazer declarações todo dia e compartilhar todos os detalhes da minha vida é difícil demais, e eu peço perdão. Quando eu digo "eu te amo", não é da boca pra fora. Eu amo de verdade. Mas onipresença não faz meu tipo. Dá pra amar de longe. Não me orgulho de ser assim, mas é meu defeito de fabrica. Manter relações a longo prazo são difíceis pra quem cresceu sem isso. Sinto muito pelas mancadas que eu acabo dando de vez em quando..

Ah, só pra constar: eu vou embora 'cedo' dos rolês porque eu prefiro dormir na minha cama à dormir em cama, sofás e chãos alheios. Não são vocês, sou eu!

Obrigada, migos! Vocês são responsáveis pelos maiores melhores momentos da minha vida!!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Hoje

Hoje é um novo dia, de um novo tempo. Hoje tem cheiro de esperança, de recomeço. O hoje nos traz expectativas de erros, acertos, surpresas, tentativas, perdas de fôlego, coração quebrado, borboleta na barriga, caraminhola na cabeça, medos, tropeços, quedas... 


Esse ano eu vou quebrar minhas regras. Vou me libertar das amarras que me prendem no meu conforto diário. Vou parar de estereotipar as situações, acontecimentos e até as pessoas.
Vou aceitar mais os defeitos alheios e entender que não há nada que possamos fazer sobre características herdadas. Ninguém é perfeito. Eu não sou e nem deveria querer ser. 

Vou esperar mudanças apenas que venham de mim: vou amar mais, escutar mais, entender mais, rir mais, não vou querer ser boa o suficiente pra ninguém, não vou modificar nada que eu não tenha que ser modificado pra atender caprichos alheios. 

Ano passado disse que eu esperava um mundo que amasse mais ao próximo como a gente se ama. Mantenho aqui meu desejo e que ele comece por mim.

Desejo um 2016 cheio de novidades. Desejo menos apego material e mais apego afetivo. Desejo menos hambúrguer gourmet e mais experiências fora da caixa. Desejo mais amigos e mais experiências marcantes. Desejo saúde. Desejo amor, muito amor. Arrebatador, que tira o fôlego e dá insônia. É isso o que eu quero.

Be welcome, 2016. 





terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Alívio.

Um ano e sete meses que eu tinha aceitado que não teria mais você na minha vida. 19 meses ciente de que não teria mais domingos de manhã cheios de carinho, acordando cedo só pra perder um tempo conversando sobre qualquer coisa que desse na nossa telha. Agora esse dia era destinado à ressacas - físicas e morais. Aumentei os números, esvaziei o coração e enchi o copo. Talvez mais do que devia, pra não lembrar do que eu tinha ido lá pra esquecer. 

Depois da diversão, tudo ficava claro: a tristeza batia, a repulsa era instantânea, a sensação de solidão era profunda e a saudade que eu tentava esquecer só aumentava. As pessoas, a música, o lugar, a bebida, a companhia do dia, tudo virava um fardo. Tudo isso era como uma droga com benefícios limitados mas que tinha muitos efeitos colaterais. 

Por onde você estava? Por que não voltava? Por que foi? 

Eu estava emocionalmente indisponível pra qualquer outra pessoa, não tinha espaço aqui, nem condições emocionais pra possíveis substituições vazias. O que morava em mim era saudade, incertezas e vazio. Te procurava em todos eles na forma de falar, de conversar, de me chamar... Comparações são inevitáveis. Ninguém é bom o suficiente. 

A culpa do adeus me atormentava todo dia. Nos primeiros dias ela me sufocava. A culpa de ter dito o que não deveria, de fazer o que não era o certo ou de manter o que não deveria ser mantido. E mesmo assim eu te esperava. Mais no começo, menos depois. Mas esperava.

Até que você voltou.

Senti alívio.
Alívio daqueles que a gente sente quando consegue cancelar um e-mail que ia pra pessoa errada. Ou quando consegue fazer xixi quando tá com muita vontade. Alívio de lembrar do aniversário do seu melhor amigo no último minuto. Alívio como quando a gente joga uma água na cara depois de terminar uma corrida. Alívio de ter tido a coragem de levantar a bunda do sofá e ir correr. Aivio de saber que o pesadelo acaba quando a gente acorda. Alívio de ver que o machucado não doi mais. Porque não doía. Não mais. 

Muito tempo passou. Muita coisa mudou. Muitas pessoas entraram e saíram. Menos você. Você é o mesmo. Nós somos os mesmo, nem que só sejamos os mesmos um com o outro.

Não espero ter você nos meus domingos. Eu sei que não vai ter cócegas no sofá num sábado à tarde. Não vai ter cinema. Não vai ter mãos dadas tomando sorvete à tarde. Não vai ter conchinha. Não vai ter abraços, mordidas, beijos, cafunés. 

Mas obrigada por ter me ajudado a encher meu coração, agora cicatrizado, de cor novamente.